Há muitos médicos que não estão a descarregar os códigos para entregar aos doentes que testaram positivo à Covid-19. É um dado avançado à Renascença por José Manuel Mendonça, presidente do INESC-TEC.
“A StayAway Covid está completamente operacional”, diz. “O que tem ficado bastante abaixo das expectativas é o número de códigos descarregados pelos médicos para entregar aos doentes com diagnóstico positivo e ainda menor é o número de códigos que esses doentes com diagnóstico positivo colocam nas suas aplicações para avisarem dos contactos de potencial risco”, denuncia.
“Portanto, embora a aplicação esteja a funcionar e os 2.400 e tal ou 2.500 códigos inseridos tenham avisado umas dezenas de milhares de pessoas que tiveram contacto de risco – que puderam acautelar-se, eventualmente fazer testes – estas dezenas de milhares deviam ter sido centenas de milhares”, destaca.
José Manuel Mendonça admite que os médicos podem sentir-se demasiado sobrecarregados, mas considera que podem estar a esquecer-se de uma outra perspetiva. E diz-se surpreendido.
“Fico surpreendido que os médicos não descarreguem um número muito superior de códigos e que não haja um número muito superior de códigos introduzidos na aplicação. Agora, o problema é um problema sistémico, do sistema de saúde na sua totalidade. Não estou a dizer que seja uns médicos individualmente. Claro que há casos em que há médicos que estarão na linha da frente, pressionados e que acharão que é menos importante neste momento colocar códigos na aplicação, não percebendo que, ao colocar códigos na aplicação estão a evitar futuros infetados e futuras mortes”, sustenta.
Segundo os últimos dados da Direção-Geral da Saúde, Portugal conta, desde o início da pandemia, 391 mil casos de infeção pelo novo coronavírus e 6.478 mortes com Covid-19, a doença provocada pelo Sars-Cov-2.