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“No Natal não podemos repetir o que aconteceu na Páscoa”, disse esta segunda-feira o cardeal D. António Marto na conferência de imprensa que antecedeu o início das celebrações da peregrinação de outubro.
Considerando que “estamos a viver um novo momento de provação e de escolha, apelidada de segunda vaga do vírus”, o bispo da diocese de Leiria-Fátima frisou que “isso depende de nós” e elogiou o comportamento dos peregrinos que, “em maio respeitaram o nosso apelo para não virem”. “Estou certo que agora o vão respeitar na mesma, vindo, mas faseadamente como tem acontecido nestes últimos dias”, concluiu o prelado.
A peregrinação de outubro é presidida pelo Presidente da Conferência Episcopal. Na mesma conferência de imprensa e aludindo ao momento atual, D. José Ornelas reconheceu que “agora as igrejas estão menos povoadas”, alertando para os riscos da falta de encontro entre os fiéis, o que “pode levar a um processo grave de saúde mental”.
FALTA DE PEREGRINOS LEVA A REESTRUTURAÇÃO NO SANTUÁRIO
A pandemia tem tido impacto negativo na vida da igreja, com a redução para um terço da presença de fiéis nas celebrações dominicais.
A situação também tem marcado profundamente o santuário de Fátima, salientou o reitor, que admitiu que “o ano de 2020 tem sido um dos mais difíceis, sem peregrinos e com uma redução drástica do fluxo de trabalho.”
Na ocasião, o padre Carlos Cabecinhas precisou que “entre março e agosto tivemos o cancelamento de 436 grupos” e que “entre outubro e novembro temos apenas 97 grupos inscritos”, contra “733 grupos” que se inscreveram no ano passado só no mês de outubro. O que originou “uma quebra de receitas de 50,6% e uma quebra de donativos de 46,9%” até ao final de setembro.
Situação que obrigou à elaboração de um plano de reestruturação no âmbito do qual, revelou o reitor, “chegámos a 14 acordos amigáveis de rescisão, todos por iniciativa dos próprios colaboradores.”
Por outro lado, “ao longo de todo o ano, registámos a passagem de 4 funcionários à reforma, tivemos 15 demissões por iniciativa do próprio trabalhador, e 18 não renovações de contratos a prazo a termo certo.” Mesmo assim, frisou o padre Carlos Cabecinhas, “aumentámos em 60% os apoios sociais a pessoas e famílias”, apoios que a somar aos que foram concedidos a instituições de solidariedade, totalizam “cerca de 800 mil euros”, não estando aqui incluídos “os apoios que o santuário dá à Igreja em Portugal.”
Sobre a situação, o bispo de Setúbal deu o exemplo da sua diocese. Segundo D. José Ornelas, “tenho paróquias que mesmo a retribuição que o padre costuma receber teve de ser reforçada a nível central da diocese para que não faltasse o essencial”, o que “constitui um problema relevante e prático na vida da Igreja.” Situação que se estende a praticamente todas as paróquias, onde o número de pessoas assistidas pelos serviços da Cáritas “subiu exponencialmente nos primeiros meses.”
CARDEAL ANTONIO MARTO: PANDEMIA É UMA CHANCE
Para o cardeal António Marto, “se, por um lado, a pandemia acelerou a secularização” ela “também é uma chance”, pois “vivemos um tempo de provocação à dimensão religiosa da vida”. Ou seja, “a Igreja não é só números”, mas sim “um desafio para cada um personalizar a fé”. “Isto pode interrogar e não deixa de interrogar muita gente sobre o sentido da sua vida e pode abrir muitos corações à fé”, rematou o cardeal.
A peregrinação de outubro é a última peregrinação oficial do ano ao santuário de Fátima. As celebrações deste dia 12 iniciam-se às 21h30, com a recitação do rosário, seguindo-se a procissão das velas e a liturgia da Palavra. No dia 13, as cerimónias começam às 9h00, com a recitação do rosário, seguindo-se a celebração da Missa, com a bênção dos doentes e a procissão das velas.