Sérgio Conceição e o "timing" que fez cair Moutinho e trouxe o filho Francisco de volta
14-09-2023 - 12:37
 • Renascença

A "culpa", no fundo, é de Otávio, cuja saída obrigou o FC Porto a mudar de direção nos últimos dias do mercado de transferências de verão, explica o treinador.

Sérgio Conceição atribui ao "timing" o facto de a contratação de João Moutinho, que acabou por reforçar o Sporting de Braga, não se ter concretizado, assim como o regresso do filho Francisco ao FC Porto.

Em conferência de imprensa, esta quinta-feira, o treinador revela que a possibilidade do regresso de Moutinho foi levantada, num primeiro momento, por Pinto da Costa e que agradou logo. A "culpa" foi de Otávio.

"Olhando para o passado recente dele, não para o passado [no FC Porto], parecia-me que o João ainda estava em condições de poder ajudar. Falei com o João ao telefone e, entretanto, com a saída do Otávio [para o Al Nassr], houve que ajustar uma ou outra situação no nosso plantel", conta.

"Esse 'timing' não foi o melhor", admite Sérgio, que também foi obrigado a fazer as contas aos médios que já tinha: com Romário Baró, Bernardo Folha, Nico Varela, Alan Varela, Marko Grujic e Stephen Eustáquio, havia seis jogadores para a posição de Moutinho.

"Com a saída do Otávio houve situações a ajustar, tivemos de conversar dois ou três dias sobre entradas e saídas e o João optou por ir para Braga. Ele, como o Pepe, o Quaresma e outros fazem parte do ADN do clube e toda a gente sabe disso", destaca o técnico.

O mesmo "timing" que trouxe Chico de volta


Sérgio Conceição também refere que o FC Porto não tem capacidade para, porque perdeu um jogo, "de um dia para o outro dar mais 20 milhões de euros que uns dias antes e ir buscar um jogador", como aconteceu com o Al Nassr. O vice-campeão da Arábia Saudita dava, inicialmente, 40 milhões por Otávio e acabou a comprá-lo por 60.

A partir daí, puxa, sem ser incitado, o tema do filho Francisco, ou Chico, que regressou ao Dragão no último dia de mercado, por empréstimo do Ajax, com opção de compra, um ano depois de ter saído.

O treinador não compreende "a incompreensão" de alguns adeptos, nem que se tenha gerado "alguma polémica à volta de um jogador que pode ajudar muito esta época", independentemente de quem é o pai:

"Aquilo que tentámos foi equilibrar o plantel de forma a termos soluções, porque vamos precisar de toda a gente. O Francisco conhece o clube, conhece a cidade, ama o clube, ama a cidade, está completamente dentro daquilo que é o nosso trabalho. A custo zero, com a sua qualidade, não havia mais ninguém, senão teríamos olhado para outro jogador."

"O Francisco é um jogador extremamente válido no seu jogo e na sua forma de jogar, de desequilibrar, um jogador irreverente de que necessitávamos, até por aquilo que tínhamos nas alas. Essa era uma situação que tínhamos de precaver, olhando, também, para o histórico de lesões do Veron, que vai estar fora durante algum tempo. [Francisco] é um jogador que veio a custo zero, que faz parte da formação e que se o clube tiver de pagar a cláusula é bom sinal, porque é um jogador que acho que pode ser importante, assim como o Jorge [Sánchez] que é uma excelente solução para lateral-direito", acrescenta.

As consequências do mercado no Dragão


No caso de Mehdi Taremi, que tem desiludido no início de época - ainda não marcou qualquer golo -, Sérgio Conceição admite que "o mercado mexe muito com o balneário, mesmo blindando a porta do Olival".

"As notícias são muitas, os jogadores têm muita gente que gravita no seu ambiente e não é fácil garantir essa tranquilidade de espírito para depois no jogo conseguirem corresponder da melhor forma", admite.

Ainda sobre o iraniano, alvo de várias críticas dos rivais, o treinador frisa que "a crítica que interessa ao Taremi é a dos colegas e da equipa técnica, que, positiva ou negativa, é sempre construtiva, e ponto final".

Dos reforços, ainda só Nico González já disputou mais que um jogo, uma tendência habitual com Sérgio Conceição: "Nos inícios de época, e este é o sétimo, dou sempre mais minutos aos jogadores que conhecem bem todo o processo de treino e o que nós queremos para os jogos."

"A exceção é o Nico, mas olhando para o histórico é muito por aí. Houve também o Marchesín, que entrou na baliza quando chegou, o Uribe também, porque eram jogadores que eu achava pela sua experiência, e vejam a idade com que vieram, e pelo que já tinham feito nos seus clubes, eram capazes de entrar na equipa e não haver uma diferença muito grande para os jogadores que substituíram", sustenta.

Sérgio Conceição fazia a antevisão da visita do FC Porto ao Estrela da Amadora, a contar para a quinta jornada do campeonato. Encontro marcado para as 19h15 de sexta-feira, no Estádio do Dragão, com acompanhamento ao minuto em relato online na Renascença.