A Ordem dos Médicos (OM) avisa que há especialidades em que mais de metade dos profissionais trabalham no privado e afirma que podiam colmatar as falhas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Dados enviados à Renascença, esta quarta-feira, mostram que quase 60% dos radiologistas inscritos na OM estão a exercer no privado.
57% de ginecologistas, obstetras e dos dermatovenereologistas estão, igualmente, fora do SNS.
Entre os anestesistas, os pediatras e os médicos de família, a OM indica que a maioria trabalha no setor público, porém um número significativo encontra-se no privado.
Quase 38% de anestesistas e pediatras estão fora do SNS.
No caso da especialidade de Medicina Geral e Familiar, se apenas 600 dos especialistas que estão a trabalhar fora do SNS optassem amanhã por trabalhar no setor público, haveria médicos de família para mais 1.140.000 utentes, ou seja, segundo a OM " todos os portugueses teriam o seu médico de família.
Para chegar a estes dados, a OM usou todos os médicos inscritos com menos de 70 anos - partindo do princípio de que, a partir dessa idade, estão reformados - e nos números disponibilizados pela Administração Central do Sistema de Saúde.
À Renascença, o bastonário da OM diz que os números apresentados provam que "é mentira que haja uma falta de médicos".
"Nós formamos muitos mais médicos do que aquilo que necessitamos, em Portugal", considera.
Miguel Guimarães diz que o SNS não é atrativo para os médicos, porque "não lhes oferecesse condições de trabalho e de dignidade e de respeito".