As alterações climáticas e a incerteza sobre o que irá o novo Presidente norte-americano fazer nesta e noutras áreas marcam a reunião do Fórum Económico Mundial (FEM), que começa esta terça-feira na cidade suíça de Davos.
Energia "limpa" e o impacto da acção humana no aquecimento global dão o mote para mais de 20 painéis de discussão. As alterações climáticas representam um sector que envolve milhares de milhões de dólares, da procura de alternativas a combustíveis fósseis à cobertura de riscos colocados por desastres meteorológicos.
Por outro lado, e a dias de prestar juramento, Donald Trump promete fazer sombra à discussão por causa do seu manifesto cepticismo sobre mudanças no clima, tendo levado para a sua administração vários responsáveis que publicamente põem em causa a veracidade das alterações climáticas ou que são conhecidos pelas suas ligações à indústria petrolífera.
A campanha do republicano ameaçou mesmo que os Estados Unidos poderiam retirar-se do Acordo de Paris, que em 2015 alinhou quase 200 países para limitar o aumento da temperatura global, esperando conter os efeitos negativos das alterações climáticas e adaptar a economia mundial a um novo modelo menos dependente de combustíveis fósseis.
Depois da eleição de Trump, cientistas e empresas avisaram que seria um erro sair do Acordo de Paris, estimando-se que conseguir os objectivos de Paris implicará gastar 13,5 biliões de dólares até 2030, segundo a agência Bloomberg.
Um dos responsáveis do fórum, Dominic Waughray, admitiu que "as alterações climáticas são uma parte nuclear da agenda do crescimento" e são essenciais para as maiores empresas do mundo.
Klaus Schwab, presidente e fundador do Fórum, apontou um mundo que "muda a uma velocidade sem precedentes" como responsável pelo "sentimento de ansiedade" e novo populismo que marcam a sociedade actualmente.
Face a isto, os líderes mundiais têm que "demonstrar aos cidadãos que todos podem beneficiar" deste estado de coisas, considerou.
Mais de 40 chefes de Estado – incluindo, pela primeira vez, o Presidente chinês – vão estar juntos na cimeira.
Um mundo em mudança
Desde o ano passado, os britânicos optaram por sair da União Europeia, Donald Trump ganhou as eleições de Novembro nos EUA, o terrorismo encontrou novas formas de levar a guerra para fora de zonas de conflito declarado (como Síria ou Iraque) e na Europa espera-se para ver o que acontecerá este ano nas eleições francesas, alemãs e holandesas.
A crise dos refugiados na Europa e em outros pontos do mundo, a segurança na Europa, a guerra civil na Síria, o contra-ataque ao grupo extremista Estado Islâmico no Iraque e na Síria, a inclusão social e a globalização serão outros temas que dominarão os debates.
Além dos líderes eleitos, cerca de 1.200 presidentes de empresas, num total de 3.000 participantes, estarão no cume dos Alpes suíços durante quatro dias para um encontro onde só se entra com convite, reservado a membros que pagam anualmente mais de meio milhão de dólares para pertencer ao "clube".
O primeiro-ministro, António Costa, o ministro português da Economia, Manuel Caldeira Cabral, o banqueiro António Horta Osório e António Guterres, na qualidade de secretário-geral das Nações Unidas, estão entre os participantes.