Vários partidos defenderam esta quarta-feira, no Parlamento, a necessidade de mais esclarecimentos no que toca ao acolhimento de ucranianos e ao caso de Setúbal, mas rejeitaram que a comissão de inquérito requerida pelo Chega seja solução.
O Chega requereu a constituição de uma comissão eventual de inquérito parlamentar à atuação do Estado português no estabelecimento de parcerias com associações de cidadãos russos no acolhimento e integração dos cidadãos ucranianos em Portugal, mas o voto contra do PS (que tem maioria absoluta) basta para ditar o ‘chumbo’ da proposta na sexta-feira.
Na abertura do debate, o deputado Bruno Nunes (do Chega) defendeu que "a história está mal explicada" e que "há questões que não estão esclarecidas", considerando que o "único problema é que a comissão de inquérito é pedida pelo Chega e subscrita por André Ventura".
No debate anterior, um agendamento do Chega também sobre acolhimento de refugiados, o presidente do partido tinha anunciado que, caso a comissão de inquérito seja rejeitada, vai tentar requerer que esta aconteça potestativamente (de forma obrigatória).
Para tal, é necessário um quinto dos deputados, ou seja, 46, e a bancada do Chega tem 12, pelo que teria de ser acompanhada por deputados de outros partidos.
Durante o debate, o deputado André Coelho Lima, do PSD, afirmou que "há muito por esclarecer", considerando que "o que falta é ouvir o primeiro-ministro sobre esta matéria, mas no local próprio, que é no plenário desta Assembleia".
Ainda assim, o deputado afirmou que "o PSD não é contra a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito, de tal forma que não descarta a possibilidade" de o poder requerer, mas depois de ouvir António Costa.
Por seu turno, a secretária de Estado da Igualdade e das Migrações, Isabel Rodrigues, acusou o Chega de ter "outros objetivos que não cuidar do interesse" de quem vem para Portugal.
"Estando em curso estas três investigações [pela Comissão Nacional de Proteção de Dados, o Ministério Público e a Inspeção-geral de Finanças], estando já em curso uma investigação por uma entidade que tem um conjunto de competências de investigação e de diligências que as senhoras e os senhores deputados não têm, qual é a vantagem que esta comissão trará?", questionou.