Um hospital no centro da cidade de Gaza foi bombardeado, provocando centenas de mortos. O Ministério da Saúde local anunciou a morte de 500 pessoas. O exército israelita afirma que a explosão foi provocada por um "disparo falhado" de mísseis por um grupo aliado do Hamas. A Autoridade Palestiniana declarou três dias de luto.
A explosão que afetou o Hospital Al-Ahli Arab - uma das instituições cristãs de Gaza -, aconteceu sem qualquer aviso, de acordo com a "Al Jazeera". Segundo a cadeia de televisão, muitos dos feridos são mulheres e crianças que procuravam refúgio dos contínuos bombardeamentos. O hospital está localizado numa área residencial.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, dirigido pelo Hamas, diz que "centenas de vítimas" estão de baixo dos escombros da infraestrutura de saúde.
Já o Ministério da Saúde palestiniano, da Autoridade Palestiniana, fala "no mais grave massacre sangrento contra as crianças do nosso povo". "Os efeitos do massacre são indescritíveis", declara.
Segundo a Associated Press, se o número de vítimas e a intenção do que aconteceu forem confirmados, este passaria a ser um dos ataques mais mortíferos nas cinco guerras travadas desde 2008.
Israel aponta dedo a míssil da Jihad Islâmica
Num primeiro momento, o exército israelita apontou que os hospitais não são alvos militares de Israel. "Pedimos a todos cuidado com alegações não verificadas de uma organização terrorista", disse a IDF.
Contudo, mais de duas horas depois dos primeiros relatos, as forças de Israel determinaram que "um ataque de rajadas de mísseis inimigos em direção a Israel passou nas imediações do hospital quando foi atingido".
"De acordo com informações de inteligência, provenientes de várias fontes que possuímos, a organização terrorista Jihad Islâmica é responsável pelo disparo falhado que atingiu o hospital", concluiu a IDF.
De acordo com a Reuters, o grupo negou a autoria do bombardeamento ao hospital al-Ahli Arab Baptist.
A Jihad Islâmica é o segundo maior grupo armado presente na Faixa de Gaza. Apesar de serem grupos independentes, a Jihad Islâmica e o Hamas agem muitas vezes de forma coordenada. Contudo, a Jihad Islâmica age frequentemente de forma independente.
Três dias de luto na Palestina
Em reação, o Presidente da Autoridade Palestiniana declarou três dias de luto. "O que está a acontecer é um genocídio", afirmou Mahmoud Abbas, que pediu à comunidade internacional para intervir e cancelou o encontro com Biden marcado para quarta-feira. "O silêncio já não é aceitável", apontou.
Também esta terça-feira, as Nações Unidas anunciaram a morte de seis pessoas quando uma escola foi atingida durante ataques aéreos de Israel no campo e refugiados de Al-Maghazi, na Faixa de Gaza.
Segundo o destacamento da ONU na região, dezenas de pessoas ficaram feridas. "Isto é ultrajante e mostra, mais uma vez, um flagrante desrespeito pela vida dos civis. Já nenhum lugar é seguro em Gaza, nem mesmo as instalações da UNRWA", declarou a instituição.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) condenou "veementemente" o bombardeamento do hospital. Tedros Ghebreyesus pediu a "proteção imediata" de civis e dos cuidados de saúde, assim como a retirada das ordens de evacuação de Gaza.
Numa declaração formal, a OMS afirmou que o hospital atacado "estava operacional" e albergava pessoas "internamente deslocadas".
Sendo um dos 20 hospitais sob ordens de evacuação, no norte da Faixa de Gaza, a OMS declarou que "tem sido impossível" cumprir essa ordem "dada a atual insegurança, a condição crítica de muitos doentes e a falta de ambulâncias, profissionais de saúde, capacidade de camas no sistema de saúde e abrigo alternativo para os deslocados".
Estes eventos ocorrem no dia anterior à visita de Joe Biden a Israel e à Jordânia. O Presidente dos Estados Unidos da América vai negociar a entrada de ajuda humanitária e saída de palestinianos da Faixa de Gaza.
A região, com 2,3 milhões de habitantes, está cercada por Israel, que tem em preparação uma possível ofensiva terrestre para tentar derrotar o Hamas. Israel mantém o enclave palestiniano sob bloqueio económico desde 2007, ano em que o Hamas assumiu o controlo do território.
[atualizada às 21h40]