Os talibãs anunciaram esta quinta-feira que vão investigar a reivindicação norte-americana da morte do líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, que os Estados Unidos anunciaram ter abatido domingo com um míssil disparado a partir de um 'drone' em Cabul.
Num comunicado, as autoridades de Cabul referem que desconheciam quer a chegada quer a permanência de al-Zawahiri ao Afeganistão.
"As autoridades do emirato islâmico do Afeganistão pediram aos serviços secretos para realizarem um inquérito aprofundado e sério ao incidente", lê-se num comunicado oficial.
Terça-feira, e sem referir o nome do líder 'jihadista', sucessor de Osama bin Laden à frente da Al-Qaeda, após este ter morrido em 2011 numa operação no Paquistão, o Governo talibã condenou o ataque norte-americano em Cabul, considerando ter-se tratado de uma violação do acordo de paz de Doha.
O ataque "repete a experiência fracassada dos últimos 20 anos e vai contra os interesses dos Estados Unidos, do Afeganistão e da região. A repetição dessas ações prejudicará as oportunidades potenciais" de estabilizar a região, avisou então um porta-voz governamental.
O acordo de Doha, assinado em fevereiro de 2020 entre os Estados Unidos e os talibãs, definiu a retirada completa das forças norte-americanas do Afeganistão após duas décadas de conflito, que terminou há um ano após a conquista de Cabul pelos islâmicos.
A saída dos Estados Unidos foi decidida sob a condição, entre outras, de que o Afeganistão não voltasse a ser um santuário de terroristas, como aconteceu durante o regime anterior dos talibãs, entre 1996 e 2001, marcado pelo apoio a bin Laden e pelos ataques do 11 de setembro de 2001.
No comunicado, desta quinta-feira, os talibãs também dão garantias de que o Afeganistão não constitui qualquer perigo para o Ocidente, sobretudo para os Estados Unidos, assegurando estarem empenhados no cumprimento dos acordos de Doha.
Segundo a Casa Branca, al-Zawahiri foi morto quando estava na varanda da residência onde estava hospedado e um drone disparou dois mísseis contra ele. Apenas o líder da Al-Qaeda foi morto na operação e não houve danos colaterais, assegurou Washington.
No início deste ano, o líder da Al-Qaeda mudou-se, com a sua família, do Paquistão para a capital afegã e, segundo os Estados Unidos, o septuagenário ainda constituía uma ameaça para os cidadãos, interesses e segurança nacional dos Estados Unidos, pelo que a sua morte "fez justiça".
Al-Zawahir "esteve profundamente envolvido no planeamento dos ataques de 11 de setembro. Durante décadas foi responsável por orquestrar ataques contra cidadãos norte-americanos. Agora, foi feita justiça e este líder terrorista já não existe", disse o Presidente norte-americano, Joe Biden, ao justificar o ataque.