Na
semana passada Portugal emitiu 3 mil milhões de euros em títulos de dívida a 20
anos, com um juro de 1,2%. Uma taxa de juro simpática para um prazo tão longo.
No final da semana os juros da dívida portuguesa a 10 anos estavam a 0,5%, ou
seja, abaixo da dívida espanhola.
Que os mercados financeiros mantêm a confiança na capacidade de Portugal honrar os compromissos da sua dívida foi ainda evidenciado pelo facto de as propostas de compra da dívida portuguesa a 20 anos terem sido quase sete vezes superiores à oferta.
A boas notícias ficam por aqui. A inflação está em alta e por isso os juros irão subir. Já sobem um pouco, mas a subida vai intensificar-se. Não é um problema específico do nosso país. Nos EUA inflação atingiu 7% no ano passado, o nível mais alto desde 1982. Na UE a alta de preços ronda os 5%.
O banco central americano, a Reserva Federal, travou a compra de títulos e irá em breve subir juros. Talvez já em março.
Na Europa o BCE já não considera a inflação um fenómeno transitório, passageiro. Por isso deverá reduzir a compra de títulos da dívida no mercado, de que Portugal tanto tem beneficiado; e em 2022 poderá subir juros, contra o que Christine Lagarde previa ainda há poucas semanas.
Está assim definitivamente ultrapassada a fase em que a preocupação dominante era a deflação, uma baixa generalizada e sustentada dos preços. Agora o perigo vem do lado contrário, uma inflação que é preciso travar.
Ora a inflação combate-se com juros mais altos e cortes nos estímulos monetários à economia. O que vai afetar famílias e empresas que contraíram empréstimos.
A inflação prejudica-nos de duas maneiras: a alta de preços “come” o nosso poder de compra; e a alta dos preços leva o banco central a subir os juros. São realidades com as quais teremos de contar em breve.