O arcebispo maronita de Trípoli, no Líbano, D. Youssef Soueif, apela à comunidade internacional para que intervenha para pôr termo ao conflito devastador na Faixa de Gaza.
O responsável teme que esta guerra possa alastrar na região, afirmando que no Líbano “as pessoas têm medo, muito medo”.
“Neste momento, no Líbano, ninguém deseja a guerra. Tivemos 17 anos de guerra e as pessoas no meu país sabem que a violência não é uma solução. Por isso, esperamos que não haja guerra. Esperamos uma solução diplomática”, diz.
O prelado acrescenta, no entanto, que, “no final, neste jogo geopolítico, serão outros a tomar as decisões”.
De visita à sede internacional da Fundação AIS, em Königstein, na Alemanha, o arcebispo de Trípoli defendeu, por isso, a necessidade urgente de se chegar a um compromisso para a paz, apelando à comunidade internacional para agir no sentido de se pôr termo a este conflito devastador.
“Que acabe esta guerra. Que acabe ontem, antes de hoje”, afirmou o arcebispo Soueif, sublinhando a necessidade de se encontrar uma solução justa que permita a coexistência das duas comunidades na região.
“A comunidade internacional tem a obrigação de implementar a solução dos dois estados. Caso contrário, será um conflito aberto durante décadas, ou séculos – com pausas, mas uma guerra aberta – porque ninguém quer deixar o seu país e a sua terra”, advertiu em declarações à AIS.
País precisa de ajuda
A guerra na Faixa de Gaza agrava a enorme instabilidade em que se encontra o Líbano, que enfrenta desde há vários anos uma enorme crise económica e política. Uma crise que afeta profundamente a comunidade cristã local.
Neste contexto, o arcebispo maronita de Tripoli alerta para a urgência de se ajudar o seu país a ultrapassar esta situação dramática em que se encontra. Atualmente cerca de 70% da população libanesa vive em pobreza, situação que se acentuou com a brutal explosão acidental no Porto de Beirute que deixou um gigantesco rasto de destruição até em vários bairros da capital e com a pandemia do Covid-19.
Acresce a tudo isto a profunda crise política em que o país está mergulhado.
“Precisamos de ajudar a manter o Líbano de pé. Precisamos de restaurar a ordem e a confiança internacional neste país. Para isso, precisamos de eleições. Atualmente temos um primeiro-ministro, mas não há presidente, pelo que o país não funciona. E isso é muito perigoso, não só para o Líbano, mas para toda a região”, sinaliza D. Youssef Soueif.
Nestas declarações à AIS, o arcebispo destaca ainda que o Líbano continua a acolher um número enorme de refugiados, referindo que, neste momento, tem até mais refugiados do que população nativa, incluindo cerca de 2,5 milhões de sírios e meio milhão de palestinianos, e que “existe”, por tudo isto também, “um enorme perigo de desestabilização”.
D. Youssef Soueif alerta, por isso, para o risco de vir a ocorrer uma migração em massa que pode afetar a Europa.
Para ajudar a enfrentar a crise e a situação dramática que afeta aquele país, a Fundação AIS lançou este ano, em Portugal e a nível internacional, uma grande Campanha de Natal de apoio aos cristãos do Líbano, mas também da Síria e da Terra Santa. Uma campanha, que a fundação pontifícia considera vital para a própria sobrevivência das comunidades cristãs naquela região tão sensível do globo.