Pelo menos mais 60 dias é o tempo que a equipa do Ministério Púbico (MP) que investiga a “Operação Marquês” pede à procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, que nesta altura já tem em mãos o despacho com pedido de prorrogação do prazo, confirmou a Renascença junto de fonte judicial.
A notícia de que o Ministério Público tinha pedido mais tempo para investigar o caso foi avançada esta quarta-feira à tarde pelos jornais "i" e "Público".
O pedido partiu da equipa do MP e não resultou de qualquer reunião formal com o director do Departamento de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Amadeu Guerra, e com a procuradora-geral da República.
Os últimos dias têm sido de muita azáfama entre os procuradores do caso que têm ouvido vários arguidos desde a última semana, confrontando-os com novos factos, adiantou uma fonte judicial à Renascença, garantindo que alguns dos negócios sob suspeita já estão praticamente filtrados legalmente.
Nesta altura há, pelo menos, uma carta rogatória importante enviada a Angola que aguarda resposta e dela poderá resultar a constituição de um novo arguido: José Paulo Pinto de Sousa, primo de José Sócrates.
No entanto, o mal-estar e o degradar das relações entre Portugal e Angola em matéria de justiça depois da acusação ao vice-presidente angolano, Manuel Vicente. O resultado desta carta é mais uma peça-chave para a investigação que por razões legais e de diligências ainda necessárias não pode fechar já as portas da “Operação Marquês”.
A mesma fonte confirma à Renascença que, ainda esta semana, foram realizadas buscas relativas ao Grupo Espírito Santo.
Sublinha ainda que há escutas do processo “Face Oculta” que foram autorizadas a serem usadas como prova nesta investigação, por conterem factos relevantes sobre negócios suspeitos que aqui estão a ser investigados.
Está agora nas mãos da procuradora-geral Joana Marques Vidal decidir se a investigação tem até Maio para consolidar provas ou não. Sendo certo que nesta altura os investigadores não estão em condições de apresentar um despacho final na sexta-feira, último dia do prazo dado pela Procuradoria-Geral da República.
A Renascença já contactou a Procuradoria-Geral da República mas ainda não obteve resposta.
José Sócrates é o principal arguido da "Operação Marquês". Está indiciado pelos crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, numa investigação que conta, até ao momento, com 25 arguidos - 19 pessoas e seis empresas, quatro das quais do Grupo Lena - estando a decisão do Ministério Público de acusar ou arquivar o processo marcada para a próxima sexta-feira.
Entre os arguidos estão o ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e antigo ministro socialista Armando Vara, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista do ex-líder do PS, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, ex-administradores da PT, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Hélder Bataglia.
[notícia actualizada às 19h47]