A festa já começou e vai continuar. O Centro Cultural de Belém assinala os seus 25 anos em ambiente festivo com uma programação com alguns momentos inesperados em cartaz e a pensar na sua sustentabilidade financeira.
Em conferência de imprensa esta terça-feira, o presidente do conselho de administração começou por falar da saúde financeira da instituição. “Há um equilíbrio que foi duramente reconquistado nos últimos dois anos”, explicou Elísio Summavielle, o que permite que se avance agora “com um objetivo estratégico” - o de concluir o projeto do arquiteto Vittorio Gregotti com a construção do hotel e da nova área comercial na zona poente do Centro Cultural de Belém.
Nas palavras de Summavielle, esta ampliação vai permitir à Fundação CCB “ter uma receita simpática que garante mais sustentabilidade e ambição para cumprir a sua missão”.
Olhando para o cartaz, o presidente do conselho de administração fez alguns destaques, um deles uma novidade que será uma Cimeira do Jazz a ter lugar entre 12 e 18 de setembro. Summavielle falou ainda da “aposta ganha” que é o ciclo Belém Cinema que, este ano, vai exibir a partir de setembro clássicos como “2001: Odisseia no Espaço” de Stanley Kubrick ou a saga "O Padrinho" de Francis Ford Coppola
Mas há mais desfrutar na nova temporada de programação do CCB. Na Páscoa, poderá por exemplo ver "A Paixão Segundo São Mateus", de Bach, com a Orquestra Gulbenkian, um espetáculo que irá decorrer a 16 e 17 de abril, com conceção e encenação de Romeo Castellucci.
A temporada Sinfónica prevê, por exemplo, dois dias dedicados aos 150 anos do nascimento do compositor Vianna da Motta, que serão protagonizados pelo pianista Artur Pizarro. Para isso, Pizarro convidou o jovem Raul da Costa para o acompanhar no espetáculo de 14 de outubro.
Além das parcerias já habituais com as orquestras Metropolitana, Sinfónica Portuguesa e Orquestra de Câmara Portuguesa, pelo CCB vão também passar nos próximos meses grandes nomes do jazz internacional como Brandford Marsalis Quartet a 15 de maio.
A isto junta-se um desafio lançado a Gisela João. Na apresentação da temporada, Fernando Luís Sampaio explicou que pediram à fadista “para sair da sua zona de conforto do fado e fazer um concerto de Natal inspirado no songbook americano”.
A este desafio soma-se outro proposto ao realizador João Botelho, que irá encenar uma peça de teatro incluída num novo ciclo dedicado à Solidão intitulado “Sete Rosas Mais Tarde”.
Sampaio explica que este ciclo, que tem como inspiração um poema de Paul Celan, vai contar com a peça “A Criada de Zerlina”, encenada pelo realizador, “com cenários de Pedro Cabrita Reis e com a atriz Luisa Cruz”.
Em mote para os Dias da Música, que vão acontecer de 25 a 28 de Abril, o Teatro Praga apresenta de 5 a 8 de Abril a peça “Timão de Atenas” em mais uma parceria entre a dramaturgia de William Shakespeare e a música de Purcell.
Para graúdos e miúdos
Para os mais novos, aos 25 anos do CCB junta-se outra festa: em 2019, a Fábrica das Artes celebra 10 anos de vida. A programação para as crianças será desenvolvida em torno do ciclo “A cabeça entre as mãos” sobre os mistérios do cérebro.
Um dos destaques para maiores de 6 anos será o concerto “O Pequeno concerto dos medos” que vai juntar de 8 a 10 de março o músico Sérgio Godinho e o filho, André Godinho que vão atuar com o pianista Filipe Raposo. “Partindo do livro O Pequeno Livro dos Medos irá explorar-se a ideia de passagem” explica Madalena Wallenstein da Fábrica das Artes.
Por baixo da Fábrica das Artes, na Garagem Sul, há arquitetura. Uma das exposições celebra o autor do CCB. Madalena Reis diz que a mostra que vão apresentar em novembro dedicada à obra do arquiteto Vittorio Gregotti, intitulada “O Território da Arquitectura”, "celebra os sessenta anos da obra do arquiteto” e o CCB terá “um lugar de destaque”.
A pensar no verão, a praça central do CCB será ocupada por uma construção projetada pelo gabinete de arquitetos Promontório que com o apoio da Amorim Isolamentos irá desenvolver uma construção efémera em cortiça onde o CCB fará a sua festa de verão a 10 de julho.
Na apresentação da temporada 2018/2019 Isabel Cordeiro do conselho de administração destacou o lançamento de um livro comemorativo dos 25 anos do CCB com alguns ensaios coordenado pelo arquiteto Nuno Grande e onde além de uma entrevista recente a Gregotti e a Manuel Salgado será também incluído um apanhado sobre a coleção de arte do CCB começada em 1993.
Na programação agora anunciada mantêm-se a parceria com a Renascença no programa quinzenal Obra Aberta que junta escritores e leitores em torno dos livros que gostam de ler; outra das iniciativas que continuam são os ciclos de História com Rui Ramos, Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro; o ciclo (Quase) Toda uma Vida com a jornalista Anabela Mota Ribeiro e os Dias Literários que em 2019 serão dedicados a nomes como Ferreira de Castro, Joel Serrão ou Jorge de Sena. Quanto ao Dia Mundial da poesia vai celebrar em 2019 o centenário do nascimento da poeta Sophia de Mello Breyner Anderson.