O Brexit pode estar pronto no início de novembro, segundo Michel Barnier. O principal negociador da União Europeia (UE) mostra-se confiante em que a primeira etapa das negociações possa estar concluída “dentro de seis a oito semanas”, ao mesmo tempo que garante: “80% desse acordo já está fechado.”
O caminho para concluir o Brexit a tempo tem sido duro. A saída do Reino Unido da União Europeia, que foi votada em referendo pelos britânicos em 2016, tem construído uma onda de demissões no governo de Theresa May e de indignação popular, devido ao fraco progresso nas negociações.
Nas eleições gerais de 2017, May - que passou a primeira-ministra depois da demissão de James Cameron - perdeu a maioria absoluta que detinha no parlamento. Em julho deste ano, três ministros demitiram-se, depois do acordo de Chequers, uma proposta de Theresa May sobre o Brexit, sendo que um dos demissionários foi o ministro dos negócios estrangeiros, Boris Johnson, acérrimo defensor da saída da UE.
Agora, a UE mostra-se otimista com o fechar do acordo, que está previsto para março de 2019. Barnier diz que 80% do acordo está concluído, com a principal dificuldade para a conclusão do acordo a ser a questão da fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte (a última faz parte do Reino Unido).
O negociador disse esta segunda-feira, numa cimeira em Bled, na Eslovénia, que “tendo em conta o tempo necessário para a ratificação do processo na Câmara dos Comuns de um lado e do Parlamento Europeu e do Conselho europeu do outro, vamos chegar a um acordo antes do início de novembro”, assegura. Conclui esperançosamente: “acredito que é possível”.
A fase final das negociações deverá ficar assim concluída em Salzburgo, na Áustria, onde os 27 países da UE e o Reino Unido vão finalizar o acordo. A cimeira deverá ocorrer entre os dias 13 e 20 de novembro.
As negociações não tranquilizam o partido de Theresa May, o Partido Conservador, que em julho resistiu fortemente às propostas da líder do governo britânico. O acordo pode fazer May respirar melhor, depois de uns meses complicados na liderança do partido, que a contestou fortemente, especialmente pela voz de Boris Johnson.
No acordo de Chequers, May tentou um Brexit mais “suave” e que manteria o Reino Unido no mercado único, algo que fez os seus ministros e a UE torcer o nariz. O seu partido quer aceitar as propostas da UE, e segundo o antigo ministro do Brexit, Steve Baker, 80 deputados estão preparados para votar contra o acordo, caso May insista nas propostas de Chequers.
O Reino Unido encaminha-se para dois meses críticos para o seu destino. Se nenhum acordo for aceite por todas as partes envolvidas até março de 2019, o Reino Unido poderá enfrentar uma crise económica grave, sem tratados económicos com a União Europeia e sem fronteira na ilha da Irlanda definidos.