O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Gustavo Tatto Borges, diz que o dado de que a área da saúde tem forte contributo no endividamento das famílias portuguesas confirma que o Serviço Nacional de Sadúde (SNS) não está a dar resposta às necessidades da população.
De acordo com dados do Banco de Portugal divulgados esta segunda-feira pelo Diário de Notícias, o endividamento das famílias portuguesas quadriplicou desde 2015 nos setores da saúde, educação e energias renováveis. O ano passado foram mais de 140 milhões de euros em empréstimos concedidos para estas áreas.
Para o presidente da ANMSP, estes números deixam "uma noção clara de que o SNS não está a chegar onde devia", muito embora "o fenómeno não seja novo".
"Estamos a falar de compras de medicamentos com recurso ao privado, com pagamento do próprio bolso, questões de medicina dentária e até alguns internamentos e cuidados paliativos", diz Gustavo Tatto Borges à Renascença.
Se nada for feito para invertir esta tendência, Tatto Borges avisa que "a população com menores rendimentos vai ficar bloqueada", sem acesso aos cuidados de saúde.
O presidente da ANMSP apela, por isso, ao próximo Governo para que "olhe para estes dados e coloque a saúde e a prevenção da doença em cima da mesa, de uma forma categórica, com um investimento cabal nos cuidados primários, com investimento cabal na saúde pública".