É de futebol que Micael Sequeira fala quando aceita responder ao desafio de Bola Branca, de olhar para o triunfo (2-0) do SC Braga sobre o Mónaco, na 1.ª mão dos oitavos de final da Liga Europa.
O treinador, que já desempenhou várias funções na pirâmide técnica do emblema minhoto, tendo sido coordenador-técnico neste segundo ciclo de Carlos Carvalhal no clube, olha para o jogo de quinta-feira na Pedreira e assinala o aspeto que, no seu entender, fez a diferença e pode voltar a fazer, na próxima semana, no Estádio Luís II, no Mónaco.
“O Braga ataca muito bem o espaço. Quando não o tem é uma equipa que consegue circular rapidamente a bola e encontrar espaço no lado contrário. É uma equipa muito forte, muito bem trabalhada e que ofensivamente cria sempre muitas situações”, declara.
É verdade que Matheus voltou a estar em grande plano. Nos momentos em que o Mónaco apareceu na área minhota, o guarda-redes esteve presente, como na primeira quando se valeu dos reflexos para evitar um golo sobre a linha de baliza, ou na segunda, quando negou a Gelson Martins a possibilidade de restabelecer o empate quando o marcador registava 1-0 para o Braga.
A exibição do guarda-redes brasileiro não foi mais do que uma evidência da forma como a equipa de Carlos Carvalhal encarou o desafio diante dos monegascos. “Houve um entrega muito grande. A equipa foi sempre muito competitiva, muito agressiva e conseguiu anular muito bem os principais elementos do Mónaco”, considera Micael Sequeira, que partilha da opinião de que a eliminatória não está fechada.
“Apesar da vantagem ser confortável, concordo com o Carvalhal. O Mónaco mostrou ser uma equipa forte, com excelentes jogadores. Acredito que o Braga consiga passar, mas vai ter que sofrer porque é bem provável que no Mónaco seja muito mais difícil”.
Dar tempo à juventude. Ponta final de campeonato será "mais consistente"
O SC Braga é 4.º no campeonato, prova em que tem revelado alguma alternância exibicional, com reflexos na tabela classificativa. A nove jornadas do fim a equipa de Carlos Carvalhal ainda não tem garantido o 4.º lugar - joga no domingo com o Gil Vicente, 5.º classificado a quatro pontos - e, se olhar para cima, vê o Benfica a nove pontos, o Sporting a 13 e o Porto a 21 pontos de distância (são sete vitórias de diferença para o líder).
Confrontado pela Renascença sobre se é este o preço a pagar pela aposta na juventude – frente ao Mónaco estiveram em campo cinco jovens formados na Cidade Desportiva - Micael Sequeira prefere encarar a questão de um outro ângulo:
“É um trabalho sustentado e quando se aposta em jovens de 17 ou 18 anos é preciso dar tempo. Felizmente o Braga está a seguir essa política de aproveitar as mais-valias da formação”, diz, complementando que o mesmo deveriam fazer os outros clubes, apostando “nos muitos talentos que existem em Portugal e que, por vezes, não têm oportunidade, porque há demasiados estrangeiros e a política dos clubes não olha internamente, mas sim para o que vem de fora”, considera.
Micael Sequeira, que está sem clube depois de ter deixado o Lokomotiv Tashkent do Uzbequistão, acredita que o crescimento que os jovens do SC Braga têm revelado ao longo da época é um bom indicador para a reta final da I Liga, em que a equipa ainda vai receber Benfica e Porto.
“Principalmente desde a chegada do presidente António Salvador, o compromisso com as vitórias foi-se acentuando”, assinala, destacando “que todos estes miúdos estão a crescer individual e coletivamente”, pelo que “o Braga vai terminar o campeonato de uma forma mais consistente”, vindo aí “jogos difíceis para os adversários”.
O próximo oponente é o Gil Vicente, em jogo a contar para a 26.ª jornada do campeonato. Segue-se na quinta-feira a deslocação ao Mónaco para a 2.ª mão das meias-finais da Liga Europa.