Um eventual congelamento da produção do petróleo, possibilidade admitida pela Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), não influenciará os preços finais de modo significativo, defende o ex-secretário de Estado da Energia Nuno Ribeiro da Silva.
O secretário-geral da OPEP, Abdullah El Badri, admitiu a possibilidade de travar em força a produção de crude, de modo a combater a queda continuada dos preços do crude, mas Ribeiro da Silva duvida da eficácia da medida.
"Estão a ser produzidos, por dia, mais cerca de dois/três milhões de barris de petróleo do que aquele que é consumido e, ainda por cima, o Irão, depois do fim das sanções a que estava sujeito, vai, aconteça o que acontecer em termos de acordos na OPEP, aumentar a sua produção e recuperar a quota que naturalmente tem no mercado petrolífero", argumenta o antigo secretário de Estado.
Outro argumento apontado por Nuno Ribeiro da Silva para não acreditar que a medida admitida pela OPEP atinja o objectivo prende-se com os factos de o mundo estar "carregado de reservas nas refinarias - nas reservas estratégicas dos Estados Unidos, nas dos países europeus e não só" e de "a produção actual estar acima do nível de consumo".
As cotações dos petróleos mantêm-se baixas, facto que preocupa os países produtores, muito dependentes das receitas do petróleo e do gás, explica o especialista: “Seja a 'OPEP rica' - Arábia Saudita e Emirados - seja a 'OPEP pobre' - Venezuela, Nigéria, Angola, Iraque, Irão - são atingidos pelas cotações muito baixas e estão preocupadas com a perspectiva da continuação prolongada dos preços baixos."