Petróleo. Congelamento da produção não deve alterar preços
23-02-2016 - 10:44

OPEP quer travar prdoução para fazer subir preços, mas Nuno Ribeiro da Silva não acredita na eficácia da medida.

Um eventual congelamento da produção do petróleo, possibilidade admitida pela Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), não influenciará os preços finais de modo significativo, defende o ex-secretário de Estado da Energia Nuno Ribeiro da Silva.

O secretário-geral da OPEP, Abdullah El Badri, admitiu a possibilidade de travar em força a produção de crude, de modo a combater a queda continuada dos preços do crude, mas Ribeiro da Silva duvida da eficácia da medida.

"Estão a ser produzidos, por dia, mais cerca de dois/três milhões de barris de petróleo do que aquele que é consumido e, ainda por cima, o Irão, depois do fim das sanções a que estava sujeito, vai, aconteça o que acontecer em termos de acordos na OPEP, aumentar a sua produção e recuperar a quota que naturalmente tem no mercado petrolífero", argumenta o antigo secretário de Estado.

Outro argumento apontado por Nuno Ribeiro da Silva para não acreditar que a medida admitida pela OPEP atinja o objectivo prende-se com os factos de o mundo estar "carregado de reservas nas refinarias - nas reservas estratégicas dos Estados Unidos, nas dos países europeus e não só" e de "a produção actual estar acima do nível de consumo".

As cotações dos petróleos mantêm-se baixas, facto que preocupa os países produtores, muito dependentes das receitas do petróleo e do gás, explica o especialista: “Seja a 'OPEP rica' - Arábia Saudita e Emirados - seja a 'OPEP pobre' - Venezuela, Nigéria, Angola, Iraque, Irão - são atingidos pelas cotações muito baixas e estão preocupadas com a perspectiva da continuação prolongada dos preços baixos."