O Sindicato dos Inspetores de Investigação e Fiscalização (SCIF) do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) diz que a polícia fronteiriça não pode ser o "bode expiatório" de erros cometidos pelo Governo.
Em entrevista ao jornal "Público", o ministro da Administração Interna avisou que aglomerações, no Aeroporto da Portela, em Lisboa, como as que aconteceram na última segunda-feira não podem voltar a acontecer. Caso contrário, ameaçou, pedirá responsabilidades. o presidente do SCIF reage com indignação às declarações de José Luís Carneiro.
Em entrevista à Renascença, Ricardo Mendonça salienta que não se pode "colocar quatro ou cinco mil passageiros no espaço de uma hora num local onde só tem 16 pontos de passagem" e esperar bons resultados.
"Aquilo não é uma portagem. Estamos a falar de um controlo de segurança para perceber se as pessoas reúnem requisitos para poderem entrar em Portugal e na Europa. Fazer do SEF o bode expiatório para desculpar a incompetência que ingressou ao longo dos últimos anos, quer pela falta de meios humanos, quer pela falta de capacidade de se imporem perante os privados é a maneira mais fácil de o Governo escamotear qualquer tipo de responsabilidades", sublinha.
Fiscalização e investigação criminal "em suspenso"
O Sindicato alerta que a manta é curta. À medida que a tutela vai deslocando operacionais para as fronteiras aéreas, vai destapando "todo o trabalho do SEF de fiscalização e de investigação criminal" de crimes de tráfico de seres humanos, como os que aconteceram em Odemira.
"As pessoas que estão alocadas a essas funções estão a ser deslocadas para as fronteiras. Podemos praticamente dizer que, durante este período, tudo o que é fiscalização e investigação criminal vai ficar em suspenso no nosso país", adverte Ricardo Mendonça, presidente do SCIF.
Na segunda-feira, instalou-se o caos no Aeroporto da Portela, com longas filas de espera na zona das chegadas. O SEF argumentou que as as aglomerações refletem o aumento exponencial do turismo e uma infraestrutura desadequada para o número de passageiros.
Na entrevista deste sábado no "Público", o ministro da Administração Interna ameaçou com demissões no SEF se o caos se repetisse.