São 178 os atentados que Donald Trump diz não terem sido noticiados (ou bem noticiados) pela imprensa. A lista foi divulgada esta terça-feira pela Casa Branca, tal como prometido, e inclui os mediáticos ataques de Paris, no Bataclan, em Novembro de 2015.
Segundo o “The Guardian”, da lista enviada a vários órgãos de comunicação social fazem ainda parte o atentado em Nice (quando, em Julho de 2016, um camião foi contra uma multidão que comemorava o Dia da Bastilha), o massacre em San Bernardino, na Califórnia, em Dezembro de 2015, e o tiroteio no clube nocturno de Orlando, na Flórida, em Junho de 2016.
A cronologia dos ataques vai de Setembro de 2014 a Dezembro de 2016 e, apesar de vários terem sido amplamente noticiados, a administração norte-americana argumenta que a maioria não foi adequadamente reportada pelos órgãos de comunicação social.
A lista inclui ainda atentados no Afeganistão, na Argélia e na Austrália, mas é omisso quanto ao ataque levado a cabo no ano passado em Israel, por um jovem de 19 anos pertencente ao Hamas, que fez explodir um autocarro, deixando mais de 20 pessoas feridas.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Lindsay Walters, a cronologia mostra que os atentados terroristas estão a perder peso noticioso por causa da frequência com que acontecem.
“Se repararem no que aconteceu há uns anos, qualquer um destes ataques teria sido noticiado em todos os órgãos de comunicação social, mas agora acontecem tantas vezes – a uma taxa de um ou dois por semana, de acordo com a lista – que a comunicação social já não lhes dá a mesma cobertura”, sustenta.
“Isto não pode tornar-se o ‘novo normal’ e o Presidente não ficará satisfeito até que o povo americano esteja mais seguro e protegido”, acrescentou.
Antes deste comunicado – e na sequência das declarações de Donald Trump na Flórida, durante a visita a uma base aérea – o secretário para a Comunicação Social, Sean Spicer, elucidou os jornalistas que se encontravam no avião presidencial (o Air Force One): o Presidente acredita que os atentados são mal noticiados e não omitidos pela comunicação social.
“Ele sente que a imprensa nem sempre dá a mesma cobertura a esses eventos em comparação com outros”, justificou.
As palavras de Donald Trump foram: “O Estado Islâmico está numa campanha de genocídio, cometendo atrocidades em todo o mundo e em muitos casos a imprensa, muito muito desonesta, não os quer divulgar”.
Afirmou ainda que os atentados estão a acontecer “um pouco por toda a Europa, mas chegou a um ponto em que nem sequer são noticiados”.
Renascença produziu mais de 200 artigos
Numa busca por conteúdos informativos produzidos na sequência de alguns atentados mencionados na lista divulgada pela Casa Branca, a Renascença conclui ter publicado 157 só respeitantes aos ataques em Paris.
Sobre o atentado em Nice, foram produzidos mais de 45 conteúdos informativos, desde notícias a vídeos, passando por comentários e análises.
O massacre em Orlando (Flórida) teve direito a nove conteúdos.
Erros “oficiais”
O “The Guardian” aponta erros ortográficos e lapsos no documento divulgado esta terça-feira pela Casa Branca. Por exemplo, “attaker” em vez de “attacker” (atacante) e “Denmakr” em vez de “Denmark” (Dinamarca).
Conta o jornal britânico que as últimas comunicações oficiais revelam outros erros, como o nome da primeira-ministra britânica escrito sem “h” (Teresa em vez de Theresa May) e a referência a Malcom Turnbull como Presidente da Austrália, em vez de primeiro-ministro.