Esta terça-feira, as buscas efetuadas nas autarquias de Vila Nova de Gaia e de Porto resultaram em sete detenções, incluindo o vice-presidente da câmara gaiense, Patrocínio Azevedo.
Entre os detidos na apelidada Operação Babel estão ainda Paulo Malafaia, promotor imobiliário que já havia sido detido na operação Vortex, em Espinho, e Elad Dror, fundador do grupo israelita Fortera, ligado ao setor imobiliário e da construção.
No total, o processo conta com 12 arguidos. As informações mais recentes davam conta de que o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, também tinha sido constituído arguido. Contudo, em declarações à SIC, o autarca diz tratar-se de um processo paralelo ao da Operação Babel - uma questão que ainda estará por esclarecer.
O que está em causa nesta operação?
Suspeitas de corrupção em grandes investimentos em projetos urbanísticos. A investigação da Polícia Judiciária (PJ) foca-se na alegada viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico. Em causa estão interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros.
No centro da investigação está, por exemplo, o megaprojeto de um centro de congressos em Vila Nova de Gaia, que previa o edifício mais alto do país: a chamada torre Skyline.
O que terá justificado as detenções concretamente?
De acordo com as informações disponíveis, há relatos que apontam para o pagamento de luvas, ou seja, subornos.
O vice-presidente da Câmara de Gaia terá, alegadamente, recebido 120 mil euros para facilitar estes negócios imobiliários. Dois pagamentos terão sido feitos em dinheiro vivo numa casa de banho de um centro comercial.
O que foi apreendido nas buscas?
A PJ adiantou que, "no decurso das diligências, foram apreendidos elementos documentais e digitais que podem produzir prova". Foram apreendidos vários objetos, incluindo, ao que tudo indica, o telemóvel do presidente da Câmara de Gaia os telemóveis do vereador da Câmara do Porto, Pedro Baganha.
O que aconteceu na Câmara do Porto?
A autarquia portuense confirmou que a PJ fez buscas nos serviços municipais do Urbanismo, acrescentando que não visam o município, mas sim "empresas privadas que têm processos urbanísticos a tramitar na Câmara Municipal do Porto, como em outras autarquias".
Ainda assim, os investigadores terão ficado na posse de dois telemóveis: de Pedro Baganha, vereador para o Urbanismo e o Espaço Público e para a Habitação, e da chefe da divisão de Urbanismo.
Como é que tudo começou?
Segundo a Câmara de Vila Nova de Gaia, os eventos desta manhã "decorrem, alegadamente, de uma denúncia anónima e visam aspetos, basicamente, ligados a dossiês dos serviços municipais do Urbanismo".