O economista Vitor Bento admite que a nacionalização do Novo Banco poderá ser “uma saída possível” para resolver o problema daquela instituição financeira, considerando que “a venda não será já muito favorável”.
Numa entrevista publicada esta segunda-feira pelo “Diário Económico” e à Antena 1, o ex-presidente do Novo Banco e conselheiro de Estado do Presidente Cavaco Silva considera que o futuro da instituição depende de “uma opção política”. “Mas, pelo que se tem visto, a venda não será já muito favorável. Até porque estamos num momento de vulnerabilidade da banca”, alerta.
Vitor Bento sustenta que “os bancos estão todos com o valor de mercado abaixo do valor contabilístico, o que significa que o mercado não acredita no valor intrínseco dos bancos, seja no valor dos activos, seja na rentabilidade”.
Questionado sobre se a nacionalização poderia ser uma solução, o economista responde que “seria uma saída possível”, embora sublinhe que será importante “estudar as várias alternativas”.
“Mais do que olhar para o Novo Banco ‘per se’ , é ver qual a configuração que seria desejável ou conveniente ou menos disruptiva para a economia e para a sociedade portuguesa daqui por uns anos”, salienta.
O ex-líder do Novo Banco, que assumiu funções após a separação do Banco Espírito Santo (BES) em 2014, recusa-se, contudo, a responder com um “sim ou não” à possibilidade de nacionalização, alegando não ter “informação suficiente” para poder “dar uma resposta simplificada”.
Costa contra Costa é confronto “penoso”
Por outro lado, Vitor Bento comenta as divergências entre o primeiro-ministro, António Costa, e o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, quanto à questão dos lesados do BES.
“Este confronto não é inédito, mas é penoso para a sociedade em termos de confrontos institucionais na praça pública”, sustenta, recordando as críticas de António Costa, então líder da oposição, à recondução de Carlos Costa como governador, sem o consenso do PS.
Na entrevista, Vitor Bento considera que o problema dos lesados do BES, que levou António Costa a criticar publicamente a administração do Banco de Portugal, “já devia ter sido resolvido”, declarando que, quando saiu do Novo Banco, “estava convencido de que isso seria resolvido num prazo relativamente curto”.
Vítor Bento considera ainda que o “nível de austeridade” existente com o governo socialista, apoiado por uma maioria de esquerda no Parlamento, “é o mesmo que seria com outra alternativa”.