O módulo Schiaparelli entrou esta quarta-feira na órbitra de Marte, mas a Agência Espacial Europeia (ESA) ainda não sabe se aterrou em segurança.
Os peritos vão analisar durante toda a noite a informação recolhida por satélites. Uma nova conferência de imprensa está marcada para quinta-feira de manhã.
O chefe do departamento de operações da ESA, Paolo Ferri, explica que o sinal do módulo "foi recebido ao longo da maior parte da fase descendente, mas parou em determinado ponto, antes da aterragem".
"Para concluir mais do que isto, porque pode haver muitas razões, temos de ter mais informações. É claro que não são bons sinais, mas precisamos de mais informação. E é isso que vai acontecer esta noite".
Paolo Ferri sublinha que esta aterragem foi um teste e é preciso saber o que aconteceu. "Se o teste for até ao fim, não será um sucesso se não soubermos o que aconteceu. E mesmo que o teste tenha terminado algures, temos de saber porque terminou. É isto que faz um teste bem sucedido", frisou.
Anteriormente, o director de operações da ESA, Michel Denis, anunciou que a nave ExoMars e o módulo Schiaparelli entraram na órbitra de Marte, mas falta agora saber se o módulo conseguiu “amartar” em segurança.
A agência Reuters chegou a avançar que o Schiaparelli aterrou na superfície de Marte, mas essa informação nunca chegou a ser confirmada.
A aterragem estava prevista para as 15h00, mas o contacto via rádio foi perdido alguns minutos antes, levantando receios de que a missão possa ter falhado.
A viagem foi feita a uma velocidade vertiginosa: 21 mil quilómetros por hora durante seis minutos. Segundo os responsáveis da ESA, este era o momento mais delicado da missão.
Uma animação da ESA, divulgada antes da aterragem
A missão ExoMars é uma colaboração entre a ESA e a Agência Espacial Russa (Roscosmos). Partiu há oito meses do Cazaquistão e leva tecnologia portuguesa a bordo.
A empresa portuguesa Critical Software é responsável por desenvolver e validar o software que controla a missão europeia e os respectivos instrumentos de bordo, assim como validar o sistema implementado no satélite e proceder aos testes do funcionamento do equipamento real, garantindo que não existem falhas.
Esta é a segunda vez que uma missão europeia tenta aterrar em Marte. Há 13 anos, a missão Beagle perdeu-se na descida para Marte. Até agora, só os norte-americanos conseguiram a proeza.
Esta missão da Agência Espacial Europeia quer perceber a evolução do planeta vermelho e tentar detectar sinais de vida no planeta. Está já prevista para 2020 uma missão para realizar perfurações no solo.
A primeira tentativa de enviar uma sonda para a atmosfera de Marte aconteceu em Novembro de 1962, mas o aparelho da União Soviética, chamado Sputnik 24, não conseguiu sair da órbita da Terra.
A primeira aterragem com sucesso teve de esperar até à chegada da norte-americana Viking 1, em Julho de 1976, seguida pela Viking 2 em Setembro do mesmo ano. Desde então, os norte-americanos já conseguiram aterrar cinco vezes em Marte.
[Notícia actualizada às 20h14]