O compositor Patrick Doyle, nomeado para um Óscar, foi escolhido para criar a Marcha da Coroação do rei Carlos III, marcada para 06 de maio, na Abadia de Westminster, em Londres.
O músico disse ter acordado a meio da noite a ouvir trompetes e ter de imediato gravado a ideia no telemóvel.
Segundo Doyle, a peça, com a duração de quatro minutos, está dividida em quatro partes.
A obra passa de uma "abertura heráldica arrojada, cerimonial e cheia de aparato" para uma marcha ritmada, de influência celta, explica o autor.
"O terceiro andamento é alegre e divertido e tem uma espécie de fogo-de-artifício", disse Doyle, acrescentando que "o movimento final é reflexivo, romântico e conduz a um final triunfante".
Doyle, um dos vários compositores selecionados para criar música para o evento real, salientou que o rei Carlos tem sido "extremamente generoso" ao manter-se à margem e ao confiar em todos para fazerem o seu trabalho, embora existam restrições.
O tamanho da sala onde se encontra o órgão na Abadia de Westminster limita o número de músicos que podem atuar.
"São três violas e apenas quatro violoncelos e um trombone, um trombone baixo; duas trompas em vez de três trompas, quatro trompas", explicou o autor, que frisou ter de reformular a forma normal de compor para uma orquestra sinfónica.
Doyle contornou esta situação utilizando instrumentos tocados nos extremos do seu alcance. Assim, os violinos descem para se juntarem às violas e o trombone baixo soa como uma trompa no topo do seu registo, para apelar ao gosto alargado do rei Carlos.
"Ele foi criado com marchas, tocadas no mundo em que vive, que é um mundo único comparado com o resto de nós. Mas ele também adora ópera. Adora a melodia. Adora uma melodia memorável", acrescentou Doyle.
As composições de Doyle para os filmes Hamlet e Sensibilidade e Bom Senso valeram-lhe nomeações para os Óscares da Academia.
O autor é também conhecido pelo seu trabalho em Harry Potter e o Cálice de Fogo e Carlito's Way.
Agora, com a sua Marcha da Coroação de 2023, junta o seu nome a uma lista que inclui Handel, Purcell e Elgar.
O músico acrescentou ter encurtado as notas para compensar o eco da abadia, mas voltou a alterá-las, depois de se aperceber que a orquestra reunida saberia como lidar com o espaço.