O vice-presidente da Câmara de Lisboa manifestou esta quarta-feira "alguma ansiedade" por ainda não ter sido apresentado o plano de mobilidade para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2023), responsabilidade do Governo, e considerou "inadequado" o estacionamento de autocarros no Eixo Norte-Sul.
"Não posso deixar de manifestar alguma ansiedade, que é normal, nesta altura ainda não termos esse plano [de mobilidade], que julgo que a cidade também partilha de alguma ansiedade. Normalmente, a informação tranquiliza e o facto de não haver muita informação naturalmente que cria um impacto contrário, intranquiliza e cria alguma ansiedade", declarou o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), que tem a competência de preparar a cidade para acolher a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Na reunião pública do executivo municipal, o autarca disse ter confiança nas entidades públicas responsáveis pela mobilidade durante o evento, referindo que a câmara tem trabalhado "com grande proximidade" nesse âmbito, inclusive com a empresa municipal Carris.
Considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, a JMJ vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
Sobre o estacionamento de autocarros no Eixo Norte-Sul, Filipe Anacoreta Correia referiu que "a câmara municipal mostrou oposição a essa possibilidade, considerando que não seria uma solução adequada".
"O Eixo Norte-Sul é extremamente importante para a circulação no seio da cidade e, portanto, nós compreendemos que face à dimensão do número de autocarros que virão a Lisboa nesses dias tem de haver soluções que podem comprometer efetivamente a circulação em determinado troço do Eixo Norte-Sul, mas apenas em períodos limitados", afirmou o vice-presidente da câmara.
Para o autarca, a infraestrutura rodoviária poderá ser utilizada para "apenas descarga dos passageiros e não para estacionamento durante a permanência do evento".
Sobre as responsabilidades do município de Lisboa na preparação da JMJ, Filipe Anacoreta Correia realçou que "aquilo que é incumbência da câmara não tem levantado dúvidas", manifestando "enorme orgulho e gratidão" pela participação dos trabalhadores do município.
Filipe Anacoreta Correia referiu ainda que a obra do Parque Tejo terminou antes do previsto, a ponte ciclo pedonal sobre o Rio Trancão está numa fase final e o palco estará pronto no início de julho.
Quanto às competências do Governo, nomeadamente os planos de mobilidade, saúde, segurança e proteção civil, o autarca reforçou que a Câmara de Lisboa tem estado "altamente empenhada" em ajudar, tendo respondido a todos os pedidos, participado em reuniões e apresentado contributos.
Relativamente ao plano de saúde, que já foi apresentado, a câmara está a acompanhar "com alguma apreensão" as notícias de algumas limitações em equipamentos hospitalares na cidade, nomeadamente no Hospital de Santa Maria.
O vereador PS Pedro Anastácio criticou, contudo, o discurso da câmara de que "está tudo preparado" para a JMJ, lembrando "a trapalhada dos palcos" e dizendo que o município "desistiu" de várias responsabilidades para passar ao Governo.
A mensagem do município, defendeu, devia ser que se está a fazer tudo para que o evento seja um sucesso.
Em resposta, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), qualificou como "vergonhoso" um vereador do executivo camarário estar a defender o Governo em vez dos trabalhadores da cidade, recordando que o investimento municipal na JMJ é de até 35 milhões de euros e referindo que o Governo tentou passar tudo para a câmara e "queria que os lisboetas pagassem tudo".
Em defesa da honra, o socialista Pedro Anastácio recusou a ideia de ter criticado os trabalhadores do município envolvidos na preparação da JMJ.
Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre 1 e 6 de agosto, com as principais cerimónias no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo.
A edição deste ano, que será encerrada pelo Papa, esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19.