Polícias ameaçam com protestos em outubro
21-09-2022 - 13:28
 • Celso Paiva Sol

A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP) está em contacto com os agentes de maneira a planear futuras ações de protesto. O presidente, Paulo Santos, diz que os problemas têm sido "insistentemente reportados", mas que o Governo "anda a assobiar para o lado".

O maior sindicato da PSP, a Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), enviou, esta quarta-feira, uma carta a todos os polícias, em que os desafia a dizerem que tipo de protestos querem seguir.

O presidente da presidente, Paulo Santos, explica à Renascença as hipóteses que se colocam: "Passa por uma ausência pontual, mas permanente, durante uma semana, das instalações policiais, numa forma de protesto. Temos a questão das manifestações, propor um aumento de pedagogia na aplicação das regras de legislação e fiscalização rodoviárias."

Paulo Santos aponta ainda outros exemplos de ação de protesto, como o "excesso de pedagogia relativamente à deslocação para ocorrências policiais que não impliquem situações graves." "Convidamos os polícias para terem aqui uma posição um pouco mais apática nesse sentido", acrescenta.

A direção da ASPP vai esperar pelas respostas dos polícias até 10 de Outubro para decidir que protestos serão marcados no final desse mês.

A carta da ASPP aos associados surge depois de várias outras iniciativas deste sindicato, junto de turistas, de autarcas e dos próprios comandantes da PSP. De acordo com Paulo Santos, é um sério alerta para a "situação limite" em que a polícia se encontra "há muito tempo".

"Quando se diz limite, falamos em falta de atratividade na instituição, o envelhecimento da instituição, ordenados que não têm qualquer evolução há uns anos, uma realidade diária de exigência e cada vez mais trabalho suplementar sem compensação", aponta o sindicalista.

Paulo Santos fala ainda de uma "visão muito redutora" de um Governo que "tem todas as condições políticas" face "àquilo que são as necessárias transformações" a ocorrer na polícia: "O Ministro da Administração interna quer resolver os problemas estruturais da polícia com caridade e com uma eventual reestruturação do dispositivo policial, demonstrando não conhecer aquilo que se passa."

O sindicalista tem noção do eventual impacto das as ações de protesto sugeridas, mas culpa o ministro da Administração Interna por continuar a ignorar os problemas para os quais alerta a ASPP.

"Durante muito tempo, depois de identificados os problemas e de insistentemente os termos reportado, com todo o respeito, por toda a gente e por todas instituições, anda tudo a assobiar para o lado. Acho que também temos de ter a legitimidade, face a esta responsabilidade, de dizer que é o momento de demonstrarmos a insatisfação e a realidade do que se passa nas esquadras.”