O acidente da ponte de Baltimore pode ter sido motivado por “falha mecânica ou erro humano”, admite na Renascença o comandante Reinaldo Rocha, que coordena a divisão de pilotagem, planeamento e controlo de navegação dos portos do Douro e Leixões (APDL).
Numa altura em que as informações são, ainda, escassas, este piloto de barra com quase 30 anos de experiência lembra que “quando há estas infraestruturas, como pontes ou passagens estreitas, há regulamentos” que devem ser escrupulosamente seguidos, a par com uma “sequência de detalhes”.
Neste caso de Baltimore, o navio de contentores Dali colidiu com um dos pilares da ponte Francis Scott Key e, nesse sentido, o chefe de pilotagem e controlo de navegação da APDL sugere “falha mecânica, falha de propulsão do navio no motor principal”, o que torna impossível operar a embarcação.
O comandante Reinaldo Rocha diz, no entanto, que "há muitos fatores, muitos procedimentos e muitas variáveis a ter em conta" no apuramento das causas deste acidente: “as condições meteorológicas – sobretudo o vento - a visibilidade, os movimentos portuários à hora do acidente, a existência de rebocadores”.
O piloto de barra defende que nenhum dado pode ser excluído nas investigações e que se deve evitar conclusões precipitadas quanto aos responsáveis.
Reinaldo Rocha admite que “nas investigações que se fazem em todo o mundo sobre acidentes, a primeira coisa que quer é arranjar culpados. E neste caso, o culpado é o mais fácil: é o capitão do navio e os pilotos que vão a bordo”.
Contudo, este oficial da APDL avisa que é preciso cautela com leituras demasiado lineares. É preciso compreender “o quê que levou a este acidente. Neste caso, estamos a falar de um caso muito grave, porque há vítimas e há um risco de poluição”.
Por tudo isto, o chefe dos pilotos de barra dos portos do Douro e Leixões diz ser necessário, antes de mais, “fazer a inquirição, apurar todos os factos e só depois chegar a uma conclusão”.