As organizações de defesa dos direitos humanos denunciam a forma “injusta” de como estão a ser realizados os julgamentos no Irão.
É o caso de Mohammad Mehdi Karami, “um campeão de karaté, de 22 anos”, detido durante 65 dias e enforcado a 7 de janeiro, por ter participado nas manifestações. O jovem terá tido apenas “15 minutos para se defender da pena de morte”.
O mesmo aconteceu com Seyyed Mohammad Hosseini, de 33 anos.
Segundo a BBC, estes dois iranianos foram executados pelo alegado homicídio de um basiji - uma milícia islâmica, em novembro, durante as manifestações que se seguiram à morte da jovem curda iraniana Mahsa Amini.
As organizações de defesa dos direitos humanos falam em “julgamentos fraudulentos e grosseiramente injustos”, cuja finalidade é, apenas, “lançar o medo” junto dos que lutam pela defesa da liberdade e pelo fim do regime.
No Irão, os arguidos têm direito a representação legal, porém em casos sensíveis como este ou de espionagem, não estão autorizados a escolher os seus próprios advogados. Cabe, assim, ao tribunal nomear um defensor.
Para justificar esta acusação de “julgamentos fraudulentos”, as organizações lembram que não é possível nem aos repórteres, nem às famílias dos arguidos, estarem presentes na sala de audiências. Tudo o que transparece para o exterior, inclusive imagens, é apenas aquilo que as autoridades querem que se saiba.
Desde que os protestos começaram há quatro meses, as autoridades já executaram quatro jovens e condenaram à morte, pelo menos, outras 18 pessoas.
A onda de protestos começou depois da detenção, em Teerão, da Mahsa Amini que não usava corretamente o véu islâmico. A jovem de 22 anos acabou por morrer na prisão.
Este acontecimento levou milhares de jovens às ruas em protesto contra repressão das mulheres na Républica islâmica. As autoridades responderam com a força e, embora não existam números oficiais, estima-se que tenham morrido às mãos das forças de segurança, mais de meio milhar de manifestantes.