O Parlamento Europeu decidiu, esta terça-feira, retirar o cargo de vice-presidente a Eva Kaili, acusada e detida neste domingo, na Bélgica, no âmbito de uma investigação sobre suspeitas de corrupção relacionadas com o Qatar no seio desta instituição.
A decisão foi aprovada por 625 votos a favor, 1 contra e 2 abstenções, representando uma dupla maioria de dois terços dos votos expressos e uma maioria dos deputados que compõem o Parlamento.
A votação foi realizada de acordo com o artigo 21 do Regimento do Parlamento, na sequência das investigações em curso na Bélgica envolvendo alguns membros e pessoal do Parlamento Europeu.
A votação ocorreu por decisão da Conferência dos Presidentes (presidente do PE e líderes dos grupos políticos) no início da manhã desta terça-feira, que aprovou a decisão por unanimidade.
Para esta tarde, por volta das 16h30, a Assembleia Plenária do PE realizará um debate sobre as suspeitas de corrupção do Qatar e a necessidade mais ampla de transparência e responsabilização nas instituições europeias. Na quinta-feira, por volta do meio-dia, votará uma resolução sobre o tema.
Durante a abertura da sessão plenária de ontem, a presidente do PE Roberta Metsola assumiu “fúria, raiva e tristeza” com o caso de corrupção que envolve membros daquela assembleia, mas garantiu que a instituição trabalha com a justiça e anunciou uma reforma interna para reforçar a transparência.
Segundo Metsola, os “planos maliciosos” de “atores malignos ligados a países terceiros autocráticos” fracassaram, até porque os serviços do Parlamento Europeu, dos quais se afirmou “incrivelmente orgulhosa”, já vinham a trabalhar “há algum tempo” com as autoridades judiciais relevantes.
Já esta manhã, em declarações aos jornalistas em Estrasburgo, o eurodeputado do Partido Socialista Pedro Marques mostrava-se “furioso” e “enojado” com o caso de alegada corrupção, ligado a suspeitas de que o Qatar - anfitrião do Mundial de Futebol - terá tentado influenciar decisões políticas e económicas no Parlamento Europeu.
Pedro Marques exige que o caso seja investigado até às últimas consequências. E se se confirmar que houve corrupção de algum Estado do Golfo, defende que o bloco deve adotar “sanções duras”.