Covid-19. Rússia regista primeira vacina para animais
31-03-2021 - 12:28
 • Marta Grosso

Testes clínicos começaram em outubro e envolveram cães, gatos, raposas e outros animais. Pretende-se que a nova vacina ajude a prevenir a disseminação de variantes do novo coronavírus. Produção em massa pode começar já em abril.

Veja também:


A Rússia anunciou, nesta quarta-feira, o registo da primeira vacina do mundo contra a Covid-19 em animais. Moscovo descreve o avanço como importante para interromper o surgimento de novas variantes.

A inovação foi batizada de “Carnivac-Cov”, anunciou ainda o regulador russo, Rosselkhoznadzor (Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia), que também participou na produção desta vacina.

“Os testes clínicos da Carnivac-Cov, que começaram em outubro passado, envolveram cães, gatos, raposas do Ártico, visons, raposas e outros animais”, avançou o chefe adjunto do regulador, Konstantin Savenkov, citado pela Aljazeera e outros órgãos de comunicação social estrangeiros.

“Os resultados dos testes permitem-nos concluir que a vacina é inofensiva e altamente imunogénica, pois todos os animais vacinados desenvolveram anticorpos contra o novo coronavírus em 100% dos casos”, disse ainda.

Após a inoculação, a imunidade dura seis meses, mas os investigadores continuam a trabalhar no fármaco para estender o prazo.

A produção em massa da nova vacina pode começar já em abril, disse ainda o Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia, segundo o qual a Carnivac-Cov ajudará a prevenir mutações do vírus em animais.

O regulador russo lembrou, a propósito, a decisão da Dinamarca de abater 15 milhões de visons no ano passado, depois que se ter descoberto que alguns eram portadores de uma variante do vírus.

“O uso da vacina, de acordo com cientistas russos, pode prevenir o desenvolvimento de mutações virais”, afirmou o dirigente do Rosselkhoznadzor, acrescentando que já recebeu manifestações de interesse de empresas de criação de animais de vários países para receber a nova vacina – entre eles Grécia, Polónia, Áustria, Estados Unidos, Canadá e Singapura.

Em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia, a vacinação dos cães do Exército deverá ser obrigatória antes de os animais serem colocados em aeroportos e participarem nas comemorações da Segunda Guerra Mundial, em maio.

A Rússia já tem três vacinas contra o novo coronavírus destinadas a humanos. A mais conhecida é a Sputnik V, em homenagem ao primeiro satélite lançado pela União Soviética (Sputnik).

A vacina foi registada em agosto, antes dos testes clínicos em grande escala, gerando preocupação entre muitos especialistas sobre o processo acelerado. Desde então, Moscovo aprovou mais duas vacinas nacionais: a EpiVacCorona e a CoviVac.

Em fevereiro deste ano, a revista “The Lancet” confirmou a segurança da Sputnik V e atribuiu-lhe uma eficácia de 90%. A Rússia já pediu a aprovação por parte da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), mas ainda aguarda resposta.