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Um jornal francês revela mais detalhes sobre o caso que envolve a mulher do candidato presidencial François Fillon e a polícia realizou buscas no gabinete do antigo primeiro-ministro.
De acordo com o “Le Canard Enchaine”, o candidato da direita arranjou não um, mas dois empregos fictícios à mulher, Penelope Fillon, que lhe permitiram auferir mais de 900 mil euros ao longo de vários anos.
Penelope Fillon trabalhou como assessora parlamentar durante um período superior ao inicialmente admitido e recebeu mais 331 mil euros em relação ao que foi anteriormente noticiado.
Num artigo publicado na semana passada, o jornal revelou que a mulher do candidato tinha recebido 500 mil euros, ao longo de oitos anos, enquanto assistente parlamentar do marido, funções que o jornal afirma ninguém se recorda de a ter visto exercer.
Na edição a publicar na quarta-feira, o “Canard Enchaine” escreve que Penelope recebeu 831.440 euros brutos como assistente parlamentar, do marido e do seu sucessor na Assembleia Nacional, Marc Joulaud, entre 1988 e 1990, 1998 e 2007 e 2012 e 2013.
Por outro lado, segundo o jornal, Penelope Fillon recebeu ainda cerca de 100 mil euros como colaboradora de uma revista literária propriedade de um amigo do marido, em 2012 e 2013.
François Fillon remunerou também dois dos seus filhos como assistentes parlamentares com 84 mil euros, entre 2005 e 2007, quando ambos eram estudantes, segundo o jornal conhecido por revelar escândalos envolvendo políticos.
As novas informações foram divulgadas horas depois de inspectores da polícia terem estado na Assembleia Nacional, a realizar buscas no antigo gabinete de Fillon.
“Estou confiante, imperturbável e a aguardar o desfecho da investigação”, declarou esta terça-feira François Fillon, em reacção aos últimos desenvolvimentos.
Na segunda-feira, o casal foi ouvido, em separado, durante seis horas pela polícia francesa no departamento responsável pelo combate à corrupção e aos crimes financeiros e fiscais.
Fillon, primeiro-ministro durante a Presidência de Nicolas Sarkozy, entre 2007 e 2012, é um dos favoritos às presidenciais de Abril e Maio deste ano. As sondagens colocam-no como provável adversário da líder da extrema-direita, Marine Le Pen, numa segunda volta.
Os deputados franceses podem contratar familiares, desde que estes exerçam efectivamente as funções pelas quais são remunerados.
Fillon, que tem assentado a sua campanha na defesa da transparência, negou qualquer irregularidade.