A pintora Graça Morais recebe esta quarta-feira o prémio “Personalidade do Norte”, atribuído pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-Norte).
Em comunicado enviado à Renascença, a CCDR-Norte explica que o prémio é entregue à pintora transmontana “pelo seu génio criador profundamente arraigado às suas origens nortenhas, e o seu indelével contributo no desenvolvimento das Artes e da Cultura”.
António Cunha, presidente da CCDR-Norte, sublinha o “relevante e
singular legado artístico e cultural da artista, profundamente arraigado às
suas raízes transmontanas e, simultaneamente, universalista”.
A distinção terá lugar no contexto do 2.º Fórum Autárquico da Região Norte, em Viana do Castelo.
No filme de apresentação da distinção, a CCDR-NORTE destaca o “telurismo mágico transmontano” de Graça Morais, “telurismo que é a porta franqueada para um universalismo que reflete sobre a existência e as suas contradições – a condição humana e, em particular, a feminina”.
O prémio que será entregue é constituído por uma peça escultória da autoria de Cristina Massena, arquiteta da “Escola do Porto”, produzida pelo “Done Lab” da Universidade do Minho e da BOSCH, em Guimarães, com recurso a tecnologia de manufatura aditiva avançada.
Graça Morais não se inibe de olhar o mundo, denunciando na sua obra ameaças de agressão sobre a condição humana, a cultura e a natureza, afirmando que “a minha pintura é a grande luta que tenho neste mundo, como pessoa também, como cidadã”.
O percurso
Maria da Graça Pinto de Almeida Morais nasceu em 1948 em Vieiro, Trás-os-Montes. Aos 9 anos, em Moçambique, recebeu do seu pai a primeira caixa de aguarelas, tendo regressado à aldeia pouco depois.
Formou-se em Pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, sendo depois bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris. O coração da Europa colocou-a em contacto com as grandes correntes artísticas, sem lhe apagar o apego às origens.
Entre 1974 e 2019, realizou e participou em mais de uma centena de exposições, no país e no estrangeiro. A sua obra está representada nas grandes coleções de arte contemporânea em Portugal e em diversas outras além-fronteiras.
Criou cenografias para teatro e é autora de painéis de azulejos em Lisboa, Bragança, Vila Real, Porto e Moscovo, entre outras cidades. Ilustrou dezenas de obras de escritores e poetas portugueses, como José Saramago, Sophia, Agustina, Torga e Manuel António Pina, entre muitos outros. A sua vida e obra inspiraram espetáculos e filmes documentais.
Em 2008, viu inaugurado o Centro de Arte Contemporânea com o seu nome, em Bragança, da autoria do arquiteto Souto Moura, numa exposição retrospetiva do seu percurso.
Venceu inúmeros prémios em Portugal e no estrangeiro. Entre outros, foi distinguida com o Prémio Dona Antónia Adelaide Ferreira e o Grande Prémio Aquisição da Academia Nacional de Belas-Artes. Foi agraciada com o “Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, e com a Medalha de Mérito Cultural pela Ministra da Cultura, Graça Fonseca.
É membro da Academia Nacional de Belas Artes e Doutor Honoris Causa pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), atribuição realizada já em 2022.
Vive e trabalha entre Trás-os-Montes e Lisboa.