O primeiro-ministro António Costa poderia ter discursado na cimeira COP21, em Paris, garante Moreira da Silva, o anterior ministro do Ambiente.
Num comunicado enviado à Renascença, o antigo governante esclarece que o anterior Governo assegurou uma preparação “impecável” da participação portuguesa e que o novo primeiro-ministro tinha tudo para poder discursar.
Esta versão contradiz a explicação dada esta manhã pelo gabinete de António Costa, que diz que o primeiro-ministro já não se conseguiu inscrever em tempo útil. Costa é assim um dos poucos líderes de governo que não tomará a palavra neste encontro.
Fonte do anterior Governo revelou à Renascença que o primeiro-ministro socialista chegou a inscrever-se mas, não gostando da ordem sugerida para a sua apresentação, pelo que preferiu não discursar.
As inscrições junto da ONU eram nominais, o que dificultou o trabalho ao anterior executivo, uma vez que só na semana passada é que se soube quem seria o primeiro-ministro de Portugal nesta altura, mas Moreira da Silva diz no seu comunicado que Portugal não era caso único e que estava tudo tratado.
“Fomos informando as Nações Unidas, através dos canais diplomáticos, para a necessidade de deixar em aberto esta hipótese de inscrição de última hora. Fomos sendo informados, pelos mesmos canais diplomáticos, que as Nações Unidas estavam cientes desta hipótese e que o mesmo se colocava com outros países, nomeadamente, a Polónia. Isto é, conseguimos assegurar o essencial: o novo primeiro-ministro, caso fosse essa a sua intenção, poderia inscrever-se para discursar.”
Moreira da Silva acrescenta mesmo que já havia um rascunho do discurso, que foi transmitido ao novo ministro do Ambiente na reunião de transição de pasta, na passada quinta-feira. O comunicado termina dizendo “tendo o anterior Governo assegurado esta hipótese de participação do novo primeiro-ministro, só mesmo o actual Governo pode clarificar a situação, dado que a mesma radica da sua vontade e das suas acções nos últimos quatro dias”.
A COP 21 - Cimeira do Clima arrancou esta segunda-feira e vai prolongar-se durante duas semanas. Em Paris estão quase 150 chefes de Estado e de Governo.