Duas explosões foram registadas esta quinta-feira junto ao aeroporto de Cabul, confirmou o Pentágono. Os atentados aconteceram horas depois de um alerta das autoridades de inteligência internacionais da possibilidade de um ataque terrorista no aeroporto da capital do Afeganistão.
Numa conferência de imprensa ao início da noite, o general Kenneth McKenzie, do Comando Central dos EUA, confirmou pelo menos 27 vítimas mortais, sem especificar as nacionalidades.
Ainda há alguma incerteza em relação ao número de vítimas. Segundo fontes citadas pelas agência internacionais, morreram pelo menos dez soldados norte-americanos e 60 cidadãos afegãos, adiantou o Ministério da Saúde do Afeganistão.
O Pentágono vai continuar as operações de evacuação, apesar dos ataques desta quinta-feira, adiantou o general Kenneth McKenzie, que atribui os atentados ao autoproclamado Estado Islâmico.
De acordo com o líder militar, a prioridade agora é garantir a segurança e impedir que um bombista consiga entrar nas imediações do aeroporto de Cabul.
Fonte do Ministério da Defesa garantiu à Renascença que os militares portugueses em Cabul estão bem.
Um rebentamento aconteceu num dos portões de entrada para o aeroporto. Junto ao aeroporto internacional Hamid Karzai, em Cabul, estão centenas de pessoas que tentam deixar o país após a tomada do poder pelos talibãs.
O Pentágono confirmou também uma segunda explosão perto do hotel Baron, nas imediações do aeroporto, depois das agências internacionais terem dado conta de pelo menos duas explosões.
Fonte dos talibãs à BBC confirmaram. inicialmente, a morte de pelo menos 11 pessoas, incluindo de cidadãos estrangeiros e crianças, e foram feridos soldados talibãs. Já o The Guardian avançou com pelo menos 13 mortos na sequência da explosão. Um hospital de Cabul disse no Twitter que cerca de 60 feridos e a CNN, citando fonte dos talibãs, noticiou que havia 52 feridos.
O porta-voz do Pentágono, no Twitter, confirmou que o "ataque complexo" e "terrível" provocou mortos entre cidadãos afegãos e militares americanos, sem precisar um número. A CNN já tinha avançado que havia feridos entre os militares americanos presentes; já a Reuters diz que pelo menos quatro pessoas das forças militares americanas morreram e três ficaram feridas.
Quanto às causas da explosão, a Reuters cita uma fonte junto do Governo americano que aponta que foi provocada por um bombista suicida - informação confirmada também por jornalistas internacionais no local.
A explosão ocorreu junto do portão Abbey, um de três portões de acesso ao aeroporto, onde estão tropas britânicas a auxiliar a evacuação de civis, sendo que esta porta de entrada estava encerrada devido à ameaça de ataque terrorista.
A Sky News noticiou ainda que o alegado bombista suicida detonou a bomba numa rua estreita junto ao portão, onde uma multidão se juntava para tentar obter um visto para evacuação.
As imagens e vídeos que surgem nas redes sociais dos ataques mostram corpos empilhados perto do canal onde ocorreu a primeira explosão. O pânico de milhares de pessoas presentes - que ignoraram os avisos na tentativa desesperada de conseguir um voo para fora do Afeganistão - foi exacerbado depois de os talibãs dispararem para o ar, para tentar dispersar a multidão.
Várias fontes dentro do Governo americano disseram à Reuters que é provável que o ataque seja da responsabilidade do ISIS-K, ou Estado Islâmico da Província de Khorasan. O grupo nasceu há seis anos, juntando dissidentes dos talibãs e, apesar da queda do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, o ISIS-K intensificou a sua atividade no Afeganistão nos últimos anos. Durante os primeiros quatro meses de 2021, a missão de assistência da ONU no Afeganistão registou 77 ataques pelo grupo.
Além da segunda explosão confirmada pelo Pentágono, um jornalista do The Guardian no local avança que houve duas explosões junto ao hotel Baron
Também o ministério da Defesa da Turquia contou à Reuters que ocorreram duas explosões fora do aeroporto e, no Twitter, o embaixador francês no Afeganistão, David Martinon, avisou sobre a possibilidade de uma segunda explosão. "Se estão perto dos portões do aeroporto, saiam urgentemente e abriguem-se", disse.
Fonte do ministério da Defesa do Reino Unido confirmou ao The Guardian que foram disparados tiros logo após a explosão e que não há mortos entre as forças militares britânicas em qualquer uma das explosões. "Ainda não temos registo de qualquer morte de militares britânicos mas ainda é muito cedo para ter a certeza", disse.
Já a Casa Branca que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já foi notificado sobre a explosão e estará reunido com as principais autoridades a discutir possíveis reações. A embaixada americana em Cabul emitiu um alerta a avisar os cidadãos americanos para "abandonarem imediatamente" a zona do aeroporto.
À Reuters, forças de segurança da Alemanha contam que não houve feridos nem mortos entre os alemães numa explosão fora do aeroporto. Segundo a mesma fonte, a evacuação de aviões militares alemães foi concluída e as tropas desse país já abandonaram Cabul.
O ministério da Defesa italiano também disse à Reuters que não há feridos nem mortos entre os militares e cidadãos italianos.
Através do Twitter, o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, condenou os ataques e enalteceu que estes ocorreram numa zona controlada pelos Estados Unidos.
Pela União Europeia, o primeiro a reagir ao incidente foi o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que se manifestou "muito preocupado" com o incidente e disse que os seus sentimentos "estão com as vítimas e as suas famílias". "Precisamos de garantir que a instabilidade atual não resulte num crescimento de terrorismo", acrescentou.
Já Ursula von der Leyen classificou os ataques como "cobardes e desumanos". E o porta-voz de António Guterres, secretário geral da ONU, também lamentou os ataques e informou que não há feridos entre o staff da ONU, "tanto quanto sabemos de momento".
Portugal tem resposta para receber mais de 300 afegãos, mas da lista prioritária constam 116 pessoas - são colaboradores que trabalharam diretamente para as forças nacionais destacadas (FND), no Afeganistão, e as respetivas famílias. A informação foi avançada à Renascença esta quinta-feira pelo Ministério da Presidência que está a coordenar o processo.
A nota lembra que o país “mostrou-se imediatamente disponível para receber 50 pessoas. Hoje, podemos já afirmar a nossa capacidade e disponibilidade para ultrapassar esse número, sendo que estão a ser desenvolvidos todos os esforços para retirar as pessoas que constam da lista prioritária”.
[Notícia atualizada às 20h00]