O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros António Martins da Cruz diz que o facto de o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, ter sido indiciado de corrupção activa "não vai afectar o relacionamento entre os dois países".
Martins da Cruz reconhece, em declarações à Renascença, que se trata de "uma questão sensível", mas que "não tem que afectar o relacionamento entre os dois países, pelo menos, na perspectiva portuguesa".
O antigo ministro adverte, contudo, para a necessidade de haja, "por parte da máquina judicial portuguesa, o normal bom senso e recato na actuação, atendendo a que se trata de um país com quem Portugal tem uma cooperação estratégica".
"Tem que haver, de parte a parte, incluindo a parte angolana, bom senso", reforça.
Martins da Cruz diz ainda não acredita em interferências da própria máquina judicial no processo, "porque o caso está em investigação", e nem mesmo em qualquer tentativa do género no plano da política externa e da diplomacia: "Não creio que a máquina do Ministério dos Negócios Estrangeiros tenha que interferir naquilo que diz respeito à Justiça."
Teixeira da Cruz: quase "no comments"
A Renascença contactou, também, a anterior ministra da Justiça. Paula Teixeira da Cruz fugiu a declarações sobre o caso, defendo, apenas, que "Portugal deve observar aquilo que está no texto constitucional: deve observar a estrita separação de poderes".
"Não falando do caso concreto, desde logo por razões deontológicas - a questão está entregue a um colega meu - é evidente que aquilo que penso é que a Justiça deve agir na estrita separação de poderes e com toda a liberdade, claro", reforçou a deputada do PSD.