A agência espacial portuguesa esclareceu hoje que o financiamento de Portugal aos programas da Agência Espacial Europeia (ESA) é de 102,7 milhões de euros, podendo atingir os 115 milhões no conselho ministerial da ESA, em curso em Paris.
Os 22 países que integram o conselho ministerial da ESA estão reunidos até quarta-feira em Paris, tendo-se comprometido a reforçar o seu financiamento, segundo disse hoje à Lusa a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Elvira Fortunato disse que as suas expectativas para o encontro são “extremamente positivas”, sobretudo depois de ouvir as intervenções iniciais dos seus homólogos.
“Todos concordaram em aumentar o orçamento para a ESA para termos autonomia, em termos europeus, no que concerne toda a área do espaço e, com isso, podermos também alavancar a economia e resolver parte dos problemas que temos”, disse a ministra.
“Neste momento está previsto um investimento para os próximos cinco anos de 115 milhões de euros nos programas da ESA, mas o que lhe posso dizer é que, de forma similar àquilo que aconteceu com os outros Estados, vai haver aumentos”, adiantou Elvira Fortunato.
Fonte oficial da Portugal Space, a agência espacial portuguesa, tutelada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, explicou mais tarde à Lusa que o montante subscrito até agora por Portugal é de 102,7 milhões, podendo vir a atingir os 115 milhões durante a reunião da ESA em curso.
A mesma fonte esclareceu que as subscrições da ESA são realizadas por um período de três a cinco anos, pelo que a subscrição que for aprovada em Paris só será revista dentro de três anos, no conselho ministerial de 2025.
Ainda em declarações à Lusa, a ministra disse que “a Europa tem de ser mais ambiciosa” e acrescentou: “Não podemos estar continuamente a depender de dados ou de soluções que nos são impostas e vendidas por outros Estados”, designadamente os Estados Unidos e a China.
Da parte de Portugal, Elvira Fortunato explicou que desde 2016, quando reforçou a sua posição na ESA, de que é membro desde 2000, o país “tem vindo a aumentar a sua contribuição financeira” e destacou a posição estratégica, sobretudo dos Açores, e a participação de investigadores e da indústria portuguesa em programas de desenvolvimento científico e tecnológico.
Num balanço da primeira manhã do Conselho Ministerial, a ministra destacou da intervenção do diretor-geral da Agência, Josef Aschbacher, as palavras dirigidas às gerações mais novas e o compromisso para a preservação do planeta, que também sublinhou no seu discurso.
“Vivemos hoje uma encruzilhada geracional em que a nossa geração trouxe progresso e prosperidade, mas falhou em ver que o mundo tem limites naturais, e agora esta geração jovem está forçada a resolver o que fizemos mal. Mas temos esperança e a esperança é mais forte do que o medo”, disse a responsável no seu discurso.
Elvira Fortunato disse ainda à Lusa que o espaço tem igualmente um papel no combate às alterações climáticas e na preservação da biodiversidade, através da avaliação e controlo da atmosfera, dos solos e das florestas, possibilitada pelos satélites.
“Isso dá-nos informação muito específica para sabermos em que situação esses territórios se encontram e em que medida os podemos proteger”, referiu, apontando, por outro lado, a necessidade de assegurar “um espaço sustentável para uma Terra sustentável”, a respeito da gestão e controlo do lixo espacial.