O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN), padre Jardim Moreira, diz ser necessário atuar na prevenção do jogo, mas discorda da criação de um cartão do jogador porque poderá representar um atentado contra a liberdade das pessoas.
“Acho que a iniciativa pode ser bem intencionada, mas é um pouco exagerada”, avança à Renascença o presidente da EAPN. “É difícil chegarmos aí porque seria um controlo bastante grande sobre a liberdade das pessoas”, argumenta.
Como alternativa, Jardim Moreira defende uma nova forma de regulamentar e promover o jogo das raspadinhas. “Penso que deverá ser repensado porque julgo não deve ter como objetivo promover esta exploração das pessoas com debilidades e ter cuidado em não criar mais problemas”, defende.
Um estudo do Conselho Económico e Social (CES) feito em parceria com a Universidade do Minho conclui que cerca de 100 mil portugueses têm problemas de jogo com a raspadinha.
Ainda de acordo com as conclusões, são sobretudo as pessoas com menores rendimentos e menos habilitações que mais jogam na raspadinha. 30 mil pessoas assumem um comportamento patológico.
Só em 2020, os portugueses gastaram 1,4 mil milhões de euros em raspadinhas - o que equivale a quatro milhões por dia.