A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) acusou esta terça-feira algumas entidades políticas e associativas, como o Bloco de Esquerda (BE) e a associação SOS Racismo, de incitamento à violência e de colocarem a população contra a polícia.
O Sindicato Nacional da Polícia-SINAPOL, também acusou responsáveis políticos e a SOS Racismo de produzirem “declarações insensatas”.
“Os comentários de entidades políticas, como o Bloco de Esquerda, e da associação SOS Racismo não vieram contribuir para a solução do problema. Tiveram um objetivo contrário e incitaram à violência”, disse o presidente da ASPP, Paulo Rodrigues, depois dos incidentes ocorridos hoje de madrugada, nomeadamente o ataque com ‘cocktails Molotov’ contra a esquadra da PSP da Bela Vista, em Setúbal.
Paulo Rodrigues considerou “inadmissíveis” os comentários que “colocam a população contra a polícia” e adiantou que criam a ideia de que é legítimo tentar agredir a polícia.
O sindicalista adiantou que houve uma tentativa de classificar a PSP como racista e xenófoba.
Paulo Rodrigues referia-se à deputada do BE Joana Mortágua, que partilhou nas redes sociais um vídeo dos incidentes de domingo no bairro da Jamaica, concelho do Seixal, e comentou que os bloquistas iriam pedir responsabilidades.
A associação SOS Racismo anunciou que vai apresentar uma queixa ao Ministério Público na sequência da intervenção policial de domingo, sublinhando que as agressões “são absolutamente injustificáveis e inaceitáveis” e, por isso, o caso deve ser esclarecido e as responsabilidades apuradas.
O dirigente da SOS Racismo e assessor do BE Mamadou Ba publicou um texto na rede social Facebook em que fala da "violência policial" no bairro da Jamaica, no Seixal, e dos confrontos na segunda-feira em Lisboa, refere-se à polícia como "a bosta da bófia".
Num comunicado divulgado hoje, o SINAPOL diz repudiar todos os atos de violência e considera “verdadeiramente preocupante” que “incentivos gratuitos” à violência contra polícias sejam também induzidos pela SOS Racismo, o que “acaba por agravar situações” que já têm um cariz “explosivo”.
A intervenção policial no bairro da Jamaica resultou em ferimentos sem gravidade em cinco civis e um polícia. O presidente da ASPP não comentou a ocorrência, referindo que foram abertos inquéritos e afirmando que as ocorrências são cada vez mais complexas, sendo, por vezes, a polícia obrigada utilizar a força.
O Ministério Público e a PSP abriram inquéritos aos incidentes no bairro da Jamaica.
A intervenção policial no Bairro da Jamaica levou à realização de uma manifestação, na segunda-feira à tarde, em Lisboa contra a violência policial e o racismo de que os manifestantes acusaram a PSP, tendo o protesto terminado com quatro detidos na sequência do apedrejamento de elementos da Polícia de Segurança Pública.
A PSP reforçou hoje o policiamento com elementos da Unidade Especial de Polícia na Bela Vista, em Setúbal, e em algumas zonas de Loures e Odivelas (distrito de Lisboa), após incidentes registados durante a noite, com o lançamento de “cocktails Molotov” contra uma esquadra e o incêndio de caixotes e de várias viaturas.
Em comunicado, a PSP informou que continua as investigações a estes incidentes, “nada indiciando, até ao momento, que estejam associados à manifestação” de protesto contra uma intervenção policial no bairro da Jamaica.