O primeiro-ministro assume que não está em cima da mesa, para já, a saída do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.
As declarações de António Costa foram feitas um dia depois de o governante ter responsabilizado directamente o Banco de Portugal pelo arrastar da situação dos lesados do BES. Já esta quinta-feira, reiterou as críticas mas considerou que a saída de Carlos Costa não é um assunto que esteja em cima da mesa.
“Não é uma questão que esteja na ordem do dia, o que está na ordem do dia é que, de facto, tarda em haver uma solução para aquilo que os lesados do BES têm direito a exigir. Quero que os seus direitos sejam esclarecidos, as responsabilidades sejam apuradas e, sendo o caso, sejam devidamente indemnizados”, disse.
O primeiro-ministro está em Bruxelas para o Conselho Europeu. Esta quinta-feira de manhã, o chefe do Governo já esteve reunido com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
À saída desse encontro, Costa veio uma vez mais desdramatizar a subida nas taxas de juros, depois de Portugal ter regressado aos mercados e ter pago mais do que em Dezembro.
“Entre aquilo que é a desaceleração da economia global, aquilo que tem sido dúvidas sobre o sistema financeiro europeu, alguma incompreensão dos mercados sobre as novas regras de resolução que vigoram hoje na Europa, e que foram testadas pela primeira vez em Portugal, geraram alguma agitação. No entanto, creio que as coisas estão neste momento serenas, têm vindo regularmente a baixar desde a semana passada”, rematou.
Até sexta-feira, o governante português está em Bruxelas para o Conselho Europeu que terá dois temas fortes: a crise migratória e a possível saída do Reino Unido da União Europeia.
Passos: "há factos que têm gravidade"
O líder do PSD assumiu esta quinta-feira, em Bruxelas, haver "factos que têm gravidade" no caso dos lesados do BES, que tem envolvido críticas do Governo ao Banco de Portugal (BdP), mas remeteu mais comentários para quando estiver em Lisboa.
"Há factos que têm gravidade, não vou disfarçar, e que se estão a passar em Portugal nessa matéria, mas não quero fazer em Bruxelas nenhum comentário sobre isso", disse Pedro Passos Coelho, à entrada para a reunião do PPE de preparação da cimeira europeia de chefes de Estado e do Governo, que decorre até sexta-feira, em Bruxelas.
Às questões dos jornalistas portugueses, o antigo primeiro-ministro remeteu para mais tarde outros comentários às "questões, que são graves, mas que merecem ser devidamente respondidas em Lisboa".
"Reconheço que há uma situação que tem gravidade, e que precisa de ser devidamente respondida, mas não aqui", concluiu.