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O calor aumentou e as críticas à direita também. Num primeiro comício ao ar livre, em Coimbra, a cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias considerou a atitude de Sebastião Bugalho, da AD, um “euro cinismo”.
Catarina Martins dá o exemplo da proposta do candidato da AD para a habitação. “Sebastião Bugalho apresentou a ideia de colocar o direito à habitação na Carta dos Direitos Fundamentais e sabem que mais? O Bloco de Esquerda também apresenta essa ideia. Sabem qual é a diferença? É que AD quer pôr a habitação na Carta dos Direitos Fundamentais e tirar do Orçamento do Estado e a isso chama-se euro cinismo”, diz a candidata do BE.
A antiga líder bloquista lançou ainda críticas às novas medidas económicas europeias. Considera que as regras da governação económica vão dar mais flexibilidade ao Conselho Europeu e permitir que “a União Europeia possa decidir o que quiser”, o que na sua perspetiva “é um ataque às nossas escolhas democráticas”.
Catarina Martins acusa por isso o PS, Aliança Democrática e Iniciativa Liberal de tirarem poder de decisão a Portugal. “Foi uma eurodeputada do Partido Socialista português que andou a negociar esta proposta com a direita tradicional, onde estão PSD e CDS e com grupos dos Liberais, que mesmo não estando no Parlamento Europeu, João Cotrim Figueiredo já explicou no debate a oito que é ótimo. É muito bom ver a aliança enorme entre PS, PSD e IL: todos de acordo que Portugal não possa escolher investir na sua saúde, na sua educação, na sua habitação”, ironizou.
Catarina Martins fez uma viagem sobre regras económicas europeias que vigoraram desde a troika à pandemia e defende que a Europa “tem de ser de vida boa”.
A coordenadora do Bloco de Esquerda estabeleceu o compromisso com as dezenas de participantes no comício de continuar o trabalho de Miguel Portas e Marisa Matias. “Continuamos o mesmo compromisso com a mesma força, com a mesma determinação e sei que quem votou em Miguel Portas não se arrependeu. Quem votou nas listas encabeçadas por Marisa Matias não se arrependeu e posso dar a garantia de que sei a gigantesca tarefa que tenho”, afirmou.
Entre o número reduzido de participantes, estava José Manuel Pureza, que foi deputado pelo Bloco de Esquerda e é atualmente o último nome da lista de candidatos a Estrasburgo. Aliás, Catarina Martins de forma irónica insistiu que o objetivo “é só um, eleger José Manuel Pureza”.
IIL com pouca água, a direita sem açúcar e Plano de Saúde sem contas
Bastante presente na campanha para as eleições europeias está Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda. Esta quinta-feira, em Coimbra, não poupou as críticas aos adversários da direita.
Numa análise aos debates, Mariana Mortágua diz que a pré-campanha serviu para provar que a candidata do Bloco de Esquerda é a candidata certa pela esquerda, acusando os partidos que se limitam a propor “juntar um bocadinho de água ao neoliberalismo ou um bocadinho de açúcar ao extremismo, não conseguindo sequer o neoliberalismo aguado e muito menos açúcar o amargo ódio da direita”, disse.
Em relação ao Plano de Emergência para a Saúde apresentado na quarta-feira pelo Governo, a coordenadora do Bloco de Esquerda lamenta a falta de contas. “Não há dinheiro para o SNS, mas depois são incapazes de dizer quanto é que vai custar o PowerPoint?”, questionou.
Mariana Mortágua considera o que o Governo está de forma “cobarde” a “enterrar e acabar com o SNS, aproveitando um erro crasso da maioria absoluta do Partido Socialista”.
Ainda sobre o PS, Mariana Mortágua diz não perdoar à antiga ministra Marta Temido por “ter criado uma guerra contra os profissionais que contribuiu para que milhares de enfermeiras e enfermeiros saíssem de Portugal”.
Voltando à direita e ao Plano de Saúde, Mariana Mortágua considera que o Governo está a estabelecer um negócio com o privado. “Empurrar doentes para hospitais privados é uma linha de negócio”, diz Mariana Mortágua, que considera uma “ideia bizarra” os “vouchers telefónicos” para conduzir os doentes ao privado. “Até podem mandar pombos-correio para casa das pessoas, que o que elas querem é o seu médico de família ao pé de casa”, disse.
A coordenadora do Bloco de Esquerda acusa Sebastião Bugalho e Luís Montenegro, da AD, de estarem “pelo negócio das armas e pelo negócio da saúde, porque odeiam as pessoas”, diz.