O Papa Francisco fez esta quarta-feira um apelo, no final da audiência geral, para que as autoridades de Kiev respeitem os lugares sagrados, nomeadamente, os das igrejas e mosteiros dos ortodoxos ligados ao patriarcado de Moscovo.
A guerra na Ucrânia tem acentuado as divisões que já existiam entre a secular igreja ortodoxa russa e a igreja ortodoxa autocéfala ucraniana, separada de Moscovo desde a dissolução da União Soviética.
A guerra em curso agravou as tensões e, recentemente, os ortodoxos fiéis a Moscovo têm sofrido perseguição por parte dos ucranianos e o governo de Kiev tomou a decisão de expulsar os monges deste importante complexo histórico-religioso.
O Kremlin, através do ministro russo Sergei Lavrov, já apelou aos secretários-gerais da ONU e da OSCE para condenarem “as políticas de assédio e repressão religiosa contra a igreja ortodoxa”.
Também o Patriarca Kirill, de Moscovo, escreveu ao Papa abordando o assunto. No contexto dos dez anos de pontificado de Francisco, o patriarca Kirill disse que “nos tempos difíceis que vivemos, o diálogo entre líderes religiosos pode trazer bons resultados”.
É neste contexto que hoje o Papa Francisco deixou um apelo a favor dos monges ortodoxos.
“Penso nos religiosos ortodoxos do Lavra (mosteiro) de Kiev. Peço às partes em guerra para respeitarem os lugares religiosos. As pessoas consagradas à oração, sejam de que confissão for, são o suporte do povo de Deus”, afirmou.
O Lavra de Kiev é o mosteiro mais antigo da Ucrânia e um dos lugares mais emblemáticos da ortodoxia oriental. Declarado pela Unesco Património da humanidade, este imponente complexo de 28 hectares, rodeado por muralhas, foi fundado no ano de 1051 e é um dos principais centros religiosos do universo ortodoxo.