Investimento no Famalicão é para durar. Liga Europa no horizonte
05-03-2019 - 14:00
 • Sílvio Vieira

O multimilionário israelita Idan Ofer foi aconselhado por Jorge Mendes a investir na SAD do Famalicão. Miguel Ribeiro, diretor executivo da sociedade, garante visão de continuidade e sublinha que o objetivo maior, neste momento, é devolver o clube à I Liga, 25 anos depois da última presença.

Famalicão está na II Liga, a lutar pela subida, mas Miguel Ribeiro, diretor-executivo da SAD, em entrevista à Renascença, projeta já a possibilidade de levar o clube à Liga Europa. Desengane-se quem pense que se trata de "dar um passo maior do que a perna". O dirigente explica que é, tão somente, sinal da ambição e do compromisso que o principal investidor da SAD, a Quantum Pacific, liderada pelo israelita Idan Ofer que investiu no Atlético de Madrid, tem com o Famalicão, depois do aconselhamento de Jorge Mendes.

"O objetivo maior é subir à I Liga. Dentro desse caminho, atingindo esse objetivo, temos duas hipóteses: lutar pela manutenção, ou ficar entre os primeiros oito, nove, que são candidatos à Liga Europa. É, por isso, normal que uma SAD como a do Famalicão tenha hoje o objetivo claro da subida de divisão e no patamar mais acima teremos de por um objetivo mais à frente", argumenta Miguel Ribeiro.


A influência de Jorge Mendes

Mas o que levou uma empresa como a Quantum Pacific, que detém 32% da SAD do Atlético de Madrid, a investir no Famalicão? Essa é uma questão a que Miguel Ribeiro responde sem preconceito e admite que "há uma ligação clara com a Gestifute [empresa do agente português Jorge Mendes], que já tinha feito uma primeira ligação entre a Quantum Pacific e o Atlético de Madrid".

"É normal haver atração por Portugal, porque a Gestifute tem sede no Porto. Depois, entre os clubes

apetecíveis e passíveis de serem adquiridos, o Famalicão estava no topo da lista. Era uma SAD recente, limpa e o investidor tinha que investir do chão para cima e não tinha de tapar o buraco até chegar ao chão", esclarece o dirigente, dando ainda relevância ao facto de Idan Ofer ter tido em conta que Portugal "tem os melhores treinadores, os melhores jogadores, os melhores dirigentes, os melhores árbitros". "Em termos de qualidade temos uma proporção extraordinária em relação à quantidade e estamos num nível acima a nível de recursos humanos", completa.

Miguel Ribeiro descansa os adeptos do Famalicão, ao garantir uma visão de longo prazo e um dos sinais que apresenta aos sócios, e ao clube, de que o investimento não tem um prazo de validade é, precisamente, o olhar que dedica ao objetivo, mais à frente, de levar o Famalicão às competições europeias. Natural da cidade, o diretor-executivo destaca o respeito existente entre a Quantum Pacific e o clube, os dois principais acionistas da SAD, e garante que há uma "perspetiva agregadora" entre todas as entidades envolvidas neste projeto.

Investimento em recursos e humanos e infra-estruturas

A SAD foi constituída a 28 de junho e assim que iniciou funções, Miguel Ribeiro promoveu uma total mudança de paradigma no clube, levando a cabo uma remodelação total. "Eu saí do Rio Ave e o nosso primeiro passo foi tornar o clube profissionais, do ponto de vista estrutural. Contratámos um 'team manager', um diretor de comunicação, um diretor de marketing, um secretário técnico, criámos um departamento de saúde, com a contratação de um diretor clínico, de dois fisioterapuetas, um nutricionista, um recuperador físico. Alterámos a equipa técnica, apostámos no Sérgio Vieira e refizemos a equipa", conta o dirigente, nesta conversa com Bola Branca.

Em simultâneo, a SAD recuperou o relvado do estádio e dotou o clube de um campo de treinos, ao lado do principal. A obra não ficará por aqui, até porque esta aposta, a nível desportivo, despertou a atenção do poder político.

O Famalicão terá um estádio renovado, com fim da obra previsto para 2021, depois de já ter sido anunciado investimento público para dotar o clube de uma infra-estrutura paralela à ambição declarada.

"Com a força dos nossos adeptos somos mais fortes dentro do campo, a nossa Câmara com a força da nossa SAD é mais forte do ponto de vista social. A cidade cresce muito alavancada no futebol. Os nossos objetivos futuros, jogar na I Liga, competições europeias, vão trazer gente, notoriedade à cidade e o próprio investimento direto que foi feito na SAD revela a pujança de Famalicão, do ponto de vista económico e ter um clube pujante trará retorno", anota Miguel Ribeiro.


Famalicão tem a média de espectadores, por jogo, mais alta da II Liga, com cerca de 3200 adeptos, por partida. Um número superior a vários clubes da I Liga e que é também determinante para o sucesso projetado. "Suportados por uma massa adepta sempre presente e apaixonada, as coisas têm corrido rapidamente bem. Começámos a juntar a força que tínhamos dentro com a força que vinha de fora e o Famalicão é um clube que hoje está, essencialmente, estável", remata o diretor-executivo da SAD

O Famalicão ocupa, a dez jornadas do final do campeonato, a segunda posição da II liga, com sete pontos de vantagem sobre o terceiro classificado, o Estoril. Os dois primeiros colocados têm acesso à I Liga, objetivo declarado pelos minhotos para esta temporada.