Veja também:
- Relato a partir de Ghouta: "Ahmad conta como é viver no inferno"
- Síria. O que se passa em Ghouta, onde morrem centenas de pessoas e a ajuda não chega?
- Ghouta Oriental não pode esperar mais por ajuda. “Tem que ser hoje”
O regime sírio de Bashar al-Assad está mais próximo da vitória total em Ghouta oriental, o conjunto de enclaves rebeldes nos arredores de Damasco.
Esta quinta-feira, jornalistas da Reuters testemunharam a entrada de dezenas de autocarros para um dos enclaves que tem sido fustigado pelos bombardeamentos das forças leais a Assad e seus aliados. Segundo um órgão de informação ligado à milícia libanesa Hezbollah, que está presente na Síria para combater pelo regime, o grupo rebelde que ocupava Harasta, o Ahrar al-Sham [Libertação do Levante, ligado à al-Qaeda], terá aceitado deixar-se evacuar da vila a troco de transporte para o noroeste da Síria.
O acordo é em tudo idêntico ao que finalmente permitiu a libertação pelas forças de Assad da cidade de Alepo, naquela que foi até agora a vitória mais importante do regime na guerra civil, que dura já há sete anos.
A libertação de Harasta deixará apenas mais duas bolsas de resistência em Ghouta. A vila de Douma, onde a resistência ao regime é liderada pelo Jaish al-Islam [Exército do Islão, ligado à al-Qaeda] e as vilas de Jobar, Ein Terma, Arbin e Zamalka, sob controlo do grupo Faylaq al-Rahman [Legião al-Rahman, ligada ao Exército Livre da Síria, que é apoiada pela Turquia]. O Jaish al-Islam disse publicamente que não tem qualquer intenção de se render, mas tem havido relatos de civis a abandonar Douma, o que parece indicar haver um entendimento com o regime que poderá anteceder uma solução semelhante à que foi encontrada para Harasta.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização sedeada em Londres, diz que os acordos com os grupos rebeldes foram mediados pela Rússia.
Assad fica assim mais perto de assegurar a libertação total de Ghouta, o que para além de lhe conceder uma importante vitória, permitirá o regresso, na medida do possível, da paz na capital, uma vez que Ghouta tem servido de ponto de lançamento de morteiros sob vários bairros de Damasco. Nos últimos dias dezenas de pessoas morreram numa vila próxima, quando um mercado foi atingido por um míssil com origem em território rebelde.