Agentes da Polícia Nacional Bolivariana impediram centenas de funcionários públicos de fazer uma manifestação em Caracas, em que pretendiam reclamar por melhores salários, no mesmo dia em que a oposição realizou marchas de protesto em vários estados venezuelanos.
Os trabalhadores queriam ainda protestar contra o pacote de medidas económicas anunciadas pelo Presidente do país, Nicolás Maduro, em finais de outubro, que alegam ter acelerado a hiperinflação e degradado as condições de vida dos venezuelanos.
Ainda na capital do país, nas proximidades do palácio presidencial de Miraflores, dezenas de populares saíram hoje às ruas em protesto pela falta de gás, que acontece desde há mais de 15 dias.
Também simpatizantes do chavismo manifestaram-se contra os empresários da Federação de Câmaras de Comércio da Venezuela (Fedecâmaras), que acusam de destruir o salário dos venezuelanos.
A Fedecâmaras reagiu ao protesto e responsabilizou o Executivo pela crise económica.
"Pedimos que sejam tomadas medidas para reduzir a crise económica que destrói o valor do salário. Não é culpa das empresas, elas estão a fazer um esforço imenso para continuar a trabalhar", disse aos jornalistas o presidente de Fedecámaras, Carlos Larrazábal.
Entretanto registaram-se também protestos em Miranda, junto do Hospital Victorino Santaella, para reivindicar direitos dos profissionais da saúde, e em Mérida, mais de 30 mil professores reclamaram salários dignos.
Apesar do bloqueio policial em Caracas, realizou-se o 1.º Encontro Intersindical de Trabalhadores da Venezuela, na Universidade Central da Venezuela (UCV), durante o qual várias organizações sindicais chegaram a um acordo para liderar uma série ações de protesto de rua que vão decorrer entre 12 de novembro e 10 de dezembro.
Segundo Eduardo Sánchez, porta-voz do Sindicato de Trabalhadores e Obreiros da UCV, foi dado o primeiro passo para que os sindicatos se organizem "para enfrentar as violações dos contratos coletivos e exigir o regresso de mais de uma centena companheiros demitidos injustificadamente".
Os sindicatos convocaram, para a próxima segunda-feira, uma manifestação nas instalações do Metro de Caracas, e, no dia seguinte, deslocam-se ao Ministério de Educação Universitária para reclamar respeito pelas "tabelas salariais".
Já no dia 14 está agendada uma concentração no Hospital Clínico Universitário para denunciar perseguições de despedimentos de trabalhadores da saúde.
Entre 18 e 26 de novembro vão realizar-se vários protestos e concentrações simultâneas em vários organismos.
Ainda este mês, nos dias 26 e 27, estão previstos protestos simultâneos de funcionários públicos, quer em Caracas, capital do país, como no interior.
Em 6 de dezembro o destino será a sede do Ministério do Trabalho, na capital.