O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, desvalorizou a fraca prestação alcançada por Portugal na luta contra as alterações climáticas. Em entrevista à Renascença, Matos Fernandes reagiu aos dados do índice "Climate Change Performance Index", apresentado esta terça-feira na Cimeira do Clima em Paris, no qual é revelado que Portugal desceu dez lugares no desempenho contra as alterações climáticas.
João Matos Fernandes diz que os dados referem-se a 2013 e
Portugal foi penalizado por causa dos incêndios e aponta a receita para o futuro: "temos de Investir na reabilitação urbana, garantindo a a eficiência energética dos novos edifícios ou dos edifícios renovados e ter uma política de mobilidade urbana que favoreça o transporte colectivo".
O novo ministro do Ambiente discursou em Paris, aproveitando para deixar uma mensagem de empenho.
"Portugal está totalmente empenhado com a profunda descarbonização da sua economia. Já demos grandes passos em termos de redução da poluição industrial, na promoção das energias renováveis, reduzindo a dependência das importações de energia e a intensidade de carbono da nossa economia", declarou o ministro, acrescentando que o país está "preparado e empenhado para ir mais longe porque o objectivo é um futuro sem emissões de carbono".
Perante o plenário da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, João Matos Fernandes elencou os objectivos de Portugal na luta contra as alterações climáticas, destacando o papel das "áreas da reabilitação urbana, da eficiência energética e da mobilidade sustentável".
"Precisamos de aumentar a ambição no que respeita ao nível de emissões provenientes dos sectores residencial e de serviços e dos transportes, o que exigirá a adopção de um conjunto de medidas nas áreas da reabilitação urbana, da eficiência energética e da mobilidade sustentável, contribuindo para uma verdadeira politica integrada de cidades", disse.
O novo titular da pasta do Ambiente disse acreditar que "o acordo de Paris" está "ao alcance" já que "desde Dezembro de 2011, em Durban, as 196 Partes estabeleceram um caminho colectivo para alcançar um acordo durável, vinculativo, global e ambicioso" tendo em vista "o objectivo dos dois graus".
João Matos Fernandes relembrou que "até à data, mais de 180 países, que representam mais de 97% das emissões globais, apresentaram as suas contribuições", mas apelou à conclusão de um "acordo firme" que "comprometa todas as partes a voltar, a cada cinco anos, a submeter ou actualizar os compromissos de mitigação no quadro internacional".
"Todos sabemos que, na situação actual, o nível de ambição para 2030 ainda não é suficiente para nos manter abaixo dos 2ºC. Precisamos de um acordo firme que dê um sinal claro de que todos os países estão comprometidos com a descarbonização e com a adopção de opções de baixo carbono a um nível nacional, em linha com um objectivo global", afirmou.
O ministro afiançou que "Portugal continuará a cooperar com os seus parceiros", lembrando, nomeadamente, a "estreita colaboração com os Países Africanos de Língua Portuguesa na implementação de projectos de mitigação e adaptação", e terminou o discurso dizendo estar "convicto que juntos" se pode "vencer os desafios das alterações climáticas".
A COP21, que decorre até ao dia 11, reúne em Paris representantes de 195 países, que tentarão alcançar um acordo vinculativo sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa que permita limitar, até 2100, o aquecimento da temperatura média global da atmosfera a dois graus centígrados acima dos valores registados antes da revolução industrial.