Portugal está, economicamente, dependente dos imigrantes estrangeiros. A ideia foi defendida por Pedro Góis, investigador na área das migrações internacionais, sociólogo e docente da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, no encontro da Pastoral Social que terminou nesta quarta-feira, em Fátima.
Em declarações à Renascença, o especialista diz que “se nós não recebermos muitos migrantes ao longo das próximas décadas, o país e a economia vão encolher de tal forma que se torna insustentável viver aqui.”
"Não há turismo sem imigrantes, porque não há trabalhadores para tanto trabalho", refor,a.
Pedro Góis afirma, por outro lado, que “a agricultura desaparece, porque já percebemos que toda a agricultura depende da mão de obra que já não existe no país. “Também nos cuidados da saúde, nos cuidados de idosos, nas limpezas domésticas, nas limpezas em geral, necessitamos dessa mão de obra imigrante”.
“Nos últimos anos saiu muita gente do país, que não voltou e não voltará tão depressa” constata o investigador, que defendeu a necessidade de Portugal “acolher muitas centenas de milhares de pessoas.”
Oferecer melhores condições aos imigrantes
Para isso, é preciso melhorar as condições em que os imigrantes vivem, diz o sociólogo.
“Muitos deles não conseguem reagrupar a sua família como gostariam porque o salário não chega para trazer a sua família para o país”, por isso “é necessário que os salários de base cresçam para que essas pessoas possam estabilizar as suas famílias aqui e decidam ficar.”
Também, a nível social, o sociólogo considera que o país não está a fazer o suficiente. “O SEF ainda demora muitos meses nos processos de regularização” e “as escolas demoram muito a dar resposta.”
Igreja tem de melhorar integração de imigrantes
Em termos culturais e religiosos, a Igreja tem também de mudar a sua postura perante quem é diferente.
Pedro Góis afirmou que é necessário “mostrar-lhes (aos imigrantes) que a casa da igreja é a casa de todos nós.” Deste modo, conseguiremos “atraí-los para que todos se sintam parte da comunidade”.
“Se a igreja não fizer esse trabalho, se ficar calada, se tiver essa inércia, não está a cumprir o seu papel”, concluiu o sociólogo.