O chanceler alemão, Olaf Scholz, saudou Giorgia Meloni, que horas antes tomou posse como nova primeira-ministra de Itália e entrará em funções no domingo.
"Congratulo-me por continuar a trabalhar estreitamente em conjunto com Itália na União Europeia, na NATO [Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental] e no G7 [grupo dos países mais industrializados do mundo]", declarou, na rede social Twitter, o dirigente alemão, agradecendo também ao anterior primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, "a boa cooperação germano-italiana" nos últimos anos.
Giorgia Meloni recebeu também felicitações dos principais dirigentes da União Europeia (UE), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, mas, até agora, as outras duas grandes capitais europeias, Paris e Madrid, mantiveram-se em silêncio.
Antes do chanceler alemão, o ultranacionalista primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, com quem Bruxelas tem mantido permanentes conflitos, foi um dos únicos dirigentes europeus a felicitar Meloni e a congratular-se com "um grande dia para a direita europeia".
"Aguardam-nos desafios sem precedentes, é por isso que precisamos de uma liderança determinada e corajosa", sublinhou o seu homólogo polaco, Mateusz Morawiecki.
A extrema-direita europeia comemorou: "Por toda a Europa, os patriotas chegam ao poder e, com eles, esta Europa das nações que pedimos", regozijou-se em França a ex-candidata presidencial do partido Unidade Nacional, Marine Le Pen.
Foi no palácio romano do Quirinal que Giorgia Meloni e os seus 24 ministros -- entre os quais seis mulheres -- "juraram respeitar a Constituição e as leis" do país, perante o Presidente da República italiana, Sergio Mattarella.
"Agora, ao trabalho", escreveu em seguida Meloni na rede social Twitter, numa mensagem acompanhando a foto oficial do novo Governo de Itália.
Giorgia Meloni, que, com o seu partido Irmãos de Itália (FdI) obteve uma vitória histórica nas legislativas italianas antecipadas de 25 de setembro, foi oficialmente nomeada chefe do novo executivo na sexta-feira, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo no país.
A romana de 45 anos conseguiu afastar o seu partido das conotações neofascistas que este tinha e subir ao poder exatamente um século após o ditador Benito Mussolini, de quem chegou a confessar-se admiradora.
Meloni dispõe, com os seus parceiros de coligação, o dirigente populista da Liga, Matteo Salvini, e o líder do Força Itália, Silvio Berlusconi, de maioria absoluta nas duas câmaras do parlamento: Câmara dos Deputados e Senado.
Assim que foi nomeada, a nova primeira-ministra apresentou ao chefe de Estado a composição do seu Governo, que, aparentemente, reflete o seu desejo de "tranquilizar" os parceiros da UE quanto à subida ao poder em Itália, país fundador do bloco comunitário, do líder governamental mais à direita e mais eurocético desde 1946.
O ex-presidente do Parlamento Europeu António Tajani, número dois do Força Itália, é o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, e tem também o título de vice-primeiro-ministro, tal como Matteo Salvini que ficou com a pasta das Infraestruturas e Transportes, embora quisesse a do Interior, mais prestigiada, que foi atribuída a um tecnocrata.
Giancarlo Giorgetti, um representante da ala moderada da Liga e que já era ministro no Governo cessante chefiado por Mario Draghi, ficou com a tutela de uma pasta fundamental, a da Economia.
Num momento em que a terceira economia da zona euro enfrenta, como os seus vizinhos, uma situação económica difícil, por causa da crise energética e da inflação, a missão de Meloni anuncia-se árdua, especialmente porque terá de zelar pela unidade da sua coligação, que já apresenta algumas fissuras.
Do total de 24 ministérios e um subsecretário da Presidência (Alfredo Mantovano) do Governo de Meloni, oito foram para o seu partido, quatro para a Liga e seis para o Força Itália, ao passo que seis serão liderados por técnicos.
A passagem do poder entre Draghi e Meloni decorrerá no domingo às 9h30 no palácio Chigi, sede do Governo, seguindo-se-lhe o primeiro Conselho de Ministros.
Eurocética notória, Meloni desistiu de fazer campanha pela saída de Itália do euro, mas prometeu defender mais os interesses do seu país em Bruxelas -- numa altura em que o crescimento depende dos quase 200 mil milhões de euros de subsídios e empréstimos concedidos pela UE a Itália, no âmbito do seu fundo de recuperação pós-pandemia de covid-19.