Chris Hughes já foi próximo de Mark Zuckerberg. Até porque fundo com ele, há já 15 anos, a rede social Facebook num dormitório de Harvard – tendo, no entanto, abandonado o projeto em 2007.
Esta quarta-feira, Hughes, num extenso artigo de opinião publicado no New York Times, junta-se ao coro de críticos de Zuckerberg – e são cada vez mais desde que o líder do Facebook foi chamado a responder pela venda de dados de mais de 80 milhões de utilizadores a empresas que, depois, os utilizariam para fins políticos, influenciando ou tentando influenciar o sentido de voto de eleitores –, sugerindo mesmo, em última instância, o encerramento da rede social.
Desde logo, Chris Hughes lembra que Zuckerberg tem hoje um "poder descontrolado e “sem precendentes", tendo-o como “mais influente do que qualquer outra pessoa no setor privado ou no governo". Ora, Hughes sente-se ainda “responsável” – e, portanto, “revoltado” – com o monstro (o Facebook tem hoje dois mil milhões de utilizadores por mês) que ajudou a criar.
"Estou desapontado comigo e com a equipa inicial do Facebook por não pensar mais sobre como o algoritmo pode mudar a nossa cultura, influenciar as eleições e capacitar os líderes nacionalistas. Enfurece-me mesmo que o foco dele [Zuckerberg] no crescimento o tenha levado a sacrificar a segurança e o dever cívico na procura de ‘clicks’. E estou preocupado que se tenha rodeado de uma equipa que fortalece as suas crenças em vez de as questionar”, lamenta.
Agora, o co-fundador do Facebook, apesar de garantir que Mark Zuckerberg é “decente” e uma “boa pessoa”, pede a intervenção governamental, sugerindo a criação de uma agência que regule as empresas de tecnologia. “[Zuckerberg] criou um leviatã que dispersa o empreendedorismo e restringe a escolha do consumidor. Cabe ao nosso governo garantir que nunca perderemos a magia da mão invisível. Como permitimos que isto acontecesse?”, escreve Hughes.