As últimas projecções económicas da Comissão Europeia para a nossa economia apontam para um crescimento do PIB de 2,4% em 2023. Claro que projecções e previsões podem falhar, mas estamos já em meados do ano e, tal como a economia continua a evoluir, o mais provável é que a previsão acerte, ou até que venha a existir um crescimento superior. É um crescimento que, não sendo nada de especial para um país como o nosso, que tem vindo a crescer muito pouco nas últimas duas décadas - e que portanto precisa de acelerar - é contudo, em termos europeus significativo porque é um dos maiores dos previstos pela Comissão para este ano.
Se quisermos ser optimistas e acreditarmos que a paz na Ucrânia poderá vir a ser uma realidade a prazo não muito longo (infelizmente, não há ainda sinais disso, mas a esperança existe sempre), poderemos contar, à semelhança de outras situações históricas de pós-guerra com um boom económico que melhorará sem dúvida as perspectivas da economia mundial.
Estaremos em condições de aproveitar esse futuro "boom"?
Dois aspectos são essenciais para estarmos preparados:
- um, mais tradicionalmente apontado, é necessário que exista um aumento de investimento em capital fixo, tanto do investimento empresarial como do investimento em certos tipos de infra-estruturas. Para isso não faltará dinheiro, nomeadamente do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência). O que pode faltar é capacidade de realização e de contenção da corrupção
- o segundo tem ficado cada vez mais claro nos últimos tempos: não podemos aspirar a ter aumentos de produtividade e a fixar a mão-de-obra mais qualificada se o País continuar a pagar os salários que paga. Isso já se sabia desde que existe mercado interno comunitário, ou seja, praticamente desde que entrámos para a então CEE, mas temos tentar tapar o sol com a peneira, além de que o problema não se punha quando tínhamos muito pouca gente qualificada - o que já não é hoje o caso.