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Mais de 70% dos profissionais de saúde apresentam níveis médios a elevados de exaustão emocional e burnout durante a pandemia. Estes são os últimos resultados do questionário de Saúde Ocupacional do Barómetro Covid-19 a esta classe profissional, conhecidos esta sexta-feira, da autoria Escola Nacional de Saúde Pública.
Este é o terceiro questionado realizado por esta entidade aos profissionais de saúde, e os dados mostram "um agravamento dos já elevados níveis reportados nestes grupos profissionais".
Há ainda quase quatro em cada dez inquiridos a reportar a inexistência de Serviço de Saúde Ocupacional no local de trabalho. Os investigadores consideram que é urgente uma “reflexão profunda” sobre a forma "como se está a proteger e a promover a saúde dos profissionais que protegem a saúde de todos".
Ansiedade galopa
A Escola Nacional de Saúde Pública alerta também para que os resultados dos questionários anteriores mostraram como o contacto dos profissionais de saúde com doentes (ou casos suspeitos) de Covid-19 "pode ter repercussões a nível psicológico".
Quase três quartos dos que responderam ao questionário apresentam níveis
de ansiedade elevados ou muito elevados como resposta às situações de stress
que vivenciam e que quase 15% (14,6%) tinham mesmo níveis de depressão
moderados ou elevados.
O mesmo estudo diz ainda que quase metade dos profissionais de saúde (42,6%) refere que dorme menos de seis horas diárias, valores semelhantes aos obtidos no 2º questionário o que, associado à sensação de fadiga que é reportada, no último questionário, como intensa ou muito intensa por quase três em cada cinco profissionais de saúde (58%), testemunha uma situação próxima da exaustão ou “esgotamento”.
Poucos testes
Já no que diz respeito ao risco de infeção, análise mantida nos três questionários, um terço (33,3%) dos 5.365 profissionais de saúde não realiza a automonitorizaçao diária, que deveria ser a regra na perspetiva, quer da proteção da saúde do profissional de saúde, quer da redução da probabilidade do risco de contágio.
Na amostra analisada 13% foram suspeitos do novo coronavírus, e 15,3% testaram positivo.
Para António Sousa Uva,
coordenador científico do estudo, estes são “resultados reveladores da
morbilidade aumentada nestes grupos profissionais em relação à população geral,
mesmo com o recurso a Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e, igualmente,
a insuficiente rapidez no esclarecimento das situações suspeitas”.
A disponibilidade de Equipamentos de Proteção Individual, na última semana, em relação às semanas anteriores, é considerada por mais de metade dos profissionais de saúde melhor ou mesmo muito melhor (53,8%) o que consolida a melhoria da situação ao longo do desenvolvimento da onda pandémica. Na opinião da grande maioria dos respondentes (77,8%) os EPI são adequados ou muito adequados.
Sem tempo
De realçar ainda que praticamente metade dos profissionais de saúde não praticou exercício físico na última semana (48,8%) e de apenas 16,5% referirem fazer exercício todos (ou quase todos) os dias.
“Tal pode, eventualmente, ser mais um cofator de queixas de dores musculoesqueléticas, ou desconforto, a nível da coluna vertebral (raquialgias), que não tinham anteriormente e que podem estar relacionadas, para além das exigências do trabalho e das elevadas jornadas de trabalho com, por exemplo, a reconhecida sobrecarga de trabalho causada pelos EPI que usam, como acontece noutros grupos profissionais do setor secundário de atividade, a que nunca se deu suficiente importância”, explica o coordenador.
O 3º e último questionário
dirigido a profissionais de saúde recolheu, entre os dias 30 de abril e 8 de
maio, 532 respostas, totalizando um universo total de 5.365 profissionais de
saúde participantes.