A nacionalização ou encerramento não são objetivos do Governo, garantiu o ministro Pedro Nuno Santos. Quer sim encontrar uma solução definitiva para os problemas financeiros da Groundforce.
“O Governo quer encontrar uma solução estrutural e definitiva que proteja os credores (TAP) , os trabalhadores e a continuidade do serviço”, afiançou o ministro das Infraestruturas e da Habitação que está no Parlamento, esta terça-feira, para responder às questões dos deputados sobre o pedido de insolvência feito pela TAP.
No entanto, lembrou que o pedido de insolvência não tem de ser sinónimo de falência e fecho. “O que queremos é encontrar um contexto que permita à TAP propor uma solução definitiva para a Groundforce.”
Em relação à possibilidade de nacionalização, disse que “não resolvia o problema” da empresa, mas apenas do acionista privado, Alfredo Casimiro, que detém 50,1% do capital através da Pasogal. “Era mesmo a solução que Alfredo Casimiro queria, permitia vitimizar-se e pedir uma indemnização ao Estado português que entendemos que ele não tem direito. Essa solução está excluída.”
O ministro Pedro Nuno Santos sublinhou que esta é uma situação muito complexa. “A Groundforce não conseguiu o apoio que, segundo a sua gestão lhe permitiria funcionar sem problemas, nem conseguiu que nenhum banco nacional lhe fizesse um empréstimo”, acrescentando que a TAP tentou ajudar, desde setembro do ano passado, mas que face à situação o pedido de insolvência da Groundforce era o “único caminho que permitia por um basta à situação onde hoje nos encontramos”.
Pedido de insolvência pode levar a rutura operacional da empresa
A Groundforce considera que o pedido de insolvência apresentado pela TAP deixa a empresa em "total estrangulamento" e pode conduzir à sua rutura operacional, deitando por terra os esforços que têm sido feitos para a salvar.
"Com o pedido de insolvência, caem por terra todos os esforços que temos feito para salvar a empresa. [...] No preciso momento de retoma da atividade, pode conduzir à rutura operacional da empresa, ao afetar drasticamente a relação com os seus clientes, mas, sobretudo, com os seus fornecedores, que, perante essa decisão, ponderam suspender os fornecimentos, caso não haja pagamentos antecipados ou a pronto", afirmou o presidente de Conselho de Administração (CA) da SPdH/Groundforce, Alfredo Casimiro, em comunicado.
A TAP requereu, em 10 de maio, na "qualidade de credora", a insolvência da Groundforce "junto dos Juízos de Comércio de Lisboa do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa", justificando que o objetivo da ação passa por, "se tal for viável", salvaguardar "a viabilidade e a sustentabilidade da mesma, assegurando a sua atividade operacional nos aeroportos portugueses".
A Groundforce considerou que um processo de insolvência não só "não deixa tudo na mesma", como deixa a Groundforce numa situação de "total estrangulamento", tendo, por isso, escrito ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, no sentido de o sensibilizar "para o facto de esta decisão contribuir em muito para o agravamento da situação da empresa".
O acionista maioritário da empresa de 'handling' (assistência em aeroportos) avisou que a rutura operacional poderá comprometer o pagamento dos salários de maio aos trabalhadores, até agora salvaguardado, "dificultar a operação de venda que se encontra em curso com diversos 'players' internacionais do setor", bloquear o "acesso ao financiamento de curto prazo junto da banca, com especial ênfase para a Caixa Geral de Depósitos", bem como prejudicar a TAP, "que, sendo simultaneamente acionista e credora, será a última entidade a receber o que lhe é devido após a insolvência".