EUA e França procuram cessar-fogo de 21 dias entre Hezbollah e Israel
26-09-2024 - 00:30

Representantes dos dois países querem "evitar uma guerra mais alargado que acreditamos não ser do interesse de nenhuma parte".

A França e os Estados Unidos da América (EUA) estão a trabalhar para alcançar um cessar-fogo temporário de 21 dias entre os militantes libaneses do Hezbollah e Israel, com a intenção de criar espaço para negociações mais profundas, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noel Barrot, na quarta-feira.

"Uma solução diplomática é de fato possível. Nos últimos dias, trabalhamos com nossos parceiros americanos em uma plataforma de cessar-fogo temporária de 21 dias para permitir negociações", afirmou perante o Conselho de Segurança da ONU, composto por 15 membros. Barrot declarou que o plano vai ser tornado público em breve.

"Estamos a contar com que ambas as partes aceitem sem demora, a fim de proteger as populações civis e permitir o início das negociações diplomáticas", explicou o ministro.

Barrot, que viaja para o Líbano no fim da semana, disse que Paris trabalhou com ambas as partes na definição dos parâmetros para uma saída diplomática da crise, sob a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU. "É um caminho exigente, mas é um caminho possível", apontou.

A Resolução 1701 - adotada após uma guerra de um mês entre Israel e o Hezbollah em 2006 - expandiu o mandato de uma força de paz da ONU, permitindo que ela ajudasse o exército libanês a manter partes do sul livres de armas ou pessoal armado que não fossem do estado libanês.

A decisão gerou atrito com o Hezbollah, que efetivamente controla o sul do Líbano, apesar da presença do exército libanês. O Hezbollah é um grupo fortemente armado e a força política mais poderosa do Líbano.

O vice-embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood, disse ao Conselho que uma implementação completa da Lei 1701 seria a única solução de longo prazo.

"Os Estados Unidos envolveram-se intensamente com todas as partes na região. O nosso objetivo é claro - evitar uma guerra mais ampla que acreditamos não ser do interesse de nenhuma parte, nem do povo de Israel e nem do povo do Líbano", disse Wood, acrescentando que o país está "a trabalhar com outros países numa proposta que esperamos que leve à calma e possibilite discussões para uma solução diplomática".

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, avisou, na mesma reunião, que o Líbano não pode tornar-se noutra Faixa de Gaza.

"Vamos dizer em uma só voz clara, parem com a matança e a destruição. Abaixem a retórica e as ameaças. Afastem-se do abismo. Uma guerra total deve ser evitada a todo custo", disse ele.